O Ministério Público português já nos habituou a não levar muito longe as suas investigações de gente conhecida. Pelo menos não consegue condenações judiciais, e como se viu muitas vezes ficam as prescrições. Há o alardear de culpabilidades nos meios de comunicação, muito antes do julgamento – aproveitando os prazos judiciais aqui praticados para conseguir ter os temas esquecidos nas alturas dos julgamentos, quando isso é possível, e dar um castigo antidemocrático pelo que vem antes na Imprensa (por vezes até, com uma prisãozita que não vem a ser dsentenciada por uma verdadeira condenação depois).
É que a ideia de gente do Ministério Público como se vê nos livros ou romances policiais – é mesmo demasiado romântica para ser possível em Portugal, onde os magistrados se limitam mais a actividades burocráticas. Talvez fosse possível, procurando muito, arranjar alguém assim nalguma Polícia.
De resto, as investigações do MP dão para ver que os grandes corruptos não são gente que ganha mal, mas são antes os bem instalados, como os dirigentes desportivos ou financeiros ou políticos. E as Polícias, a nacional e as estrangeiras, parecem fazer mais do que o MP, que aparentemente se limita a trâmites burocráticos e a queixar-se dos meios, como se fôssemos o País mais rico do mundo, e como se funcionasse melhor com outros meios.
Nem percebo porque é que algum jornalista se mostra indignado com um político que diz mal da Justiça Nacional. O político está no seu direito de pensar o que quiser da Justiça Nacional, e nós no nosso direito de pensarmos o que quisermos de um e de outra. Sem indignações.