Omicron já representa 20% dos casos em Portugal e atingirá 50% no Natal

A ministra da Saúde, Marta Temido, falou ao país, em conferência de imprensa, sobre a evolução da pandemia de covid-19. “O que já sabemos leva-nos a dizer que se a variante se transmite mais, todos temos de fazer mais”, diz Marta Temido

A ministra da Saúde revelou esta manhã que a nova variante Omicron já representa 20% dos novos casos de covid-19 no país e os contágios com esta variante duplicam a dois dias. "Muitos casos, mesmo com menor gravidade, originarão um maior volume de pessoas com necessidades de internamento e mais óbitos", disse Marta Temido, alertando para a incerteza mas reconhecendo a necessidade de "todos fazermos mais". O Governo não avança com novas restrições no Natal e sublinha que as medidas são proporcionais, mas Marta Temido disse que terá de haver um maior uso de máscara, maior testagem e maior adesão às medidas, a par do reforço da vacinação. 

A estimativas de prevalência da Omicron obtidas através da monitorização dos resultados de testes PCR, em que é possível detetar uma falha no gene S associada à nova variante, mostram que a variante, que no fim de semana se calculava que representasse 9,5% dos casos, duplicou nos primeiros dias desta semana. No Natal deverá já representar 50% dos casos e no final do ano 80%, projeções que já tinham sido antecipadas ao i pelo investigador Carlos Antunes, professor da Universidade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos peritos que integra a equipa de linhas vermelhas da DGS.

Uso de máscara Questionada sobre o uso de máscara, Marta Temido não descartou novas medidas mas disse que neste momento Portugal já tinha regras mais restritas, nomeadamente o regresso de uso de máscaras em espaços fechados. "Em espaços públicos com muitas pessoas sabemos também que é recomendável a sua utilização".

Outra das medidas apontadas pela ministra da Saúde é o reforço da campanha de vacinação. Já foram administradas, até ontem, 2,2 milhões de doses de reforço que “permitiram inverter a tendência do risco efetivo de transmissão, que se mantinha acima de 1 desde de meados de outubro” e agora tem começado a reduzir.

Presente na conferência de imprensa, o especialista Baltazar Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, sublinhou que “a efetividade das vacinas contra a infeção provocada pela Omicron é menor, mas contra a doença grave é alta”.

"Cenários desenvolvidos para o impacto da variante Omicron estão envoltos em grande incerteza. Noutros países tem havido grande aumento de casos, mas não tem havido grande expressão ao nível do aumento de hospitalizações. Tudo indica que a gravidade da doença é igual ou menor em relação à variante Delta”, afirmou, acrescentando que a variante "está a ter pouco impacto em Portugal, uma vez que o RT ainda tem estado a diminuir”.

“O nosso grande indicador vai ser a incidência nos maiores de 60 anos”, frisou.

Por sua vez, João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, desmentiu um estudo realizado na África do Sul, que indicava que a variante Omicron era 70% mais transmissível do que a variante Delta.

“Um estudo da África do Sul indica que a transmissibilidade da Omicron é 70% superior à variante Delta, o que é falso”, garantiu. “No entanto, há estudos que indicam que a Omicron é 10% menos transmissível. Mas estamos na presença da variante mais transmissível em Portugal”.

A variante deverá “passar a ser dominante no país na próxima semana”.

Segundo Baltazar Nunes, a previsão é que “na próxima semana”, metade do total de novos casos em Portugal “sejam já da variante Ómicron”.

Questionada sobre o aumento do preço dos testes à covid-19, Marta Temido admitiu que o Governo está a ponderar aumentar o número de testes comparticipados por pessoa, que é atualmente de quatro por mês.

“A política que temos seguido é a disponibilização de alguma quantidade de testes gratuitos em farmácias comunitárias e laboratórios aderentes. Esta será, provavelmente, a via que optaremos por manter, eventualmente considerando o alargamento do número de testes gratuitos por indivíduo, no contexto deste apelo a uma maior realização de testes”, afirmou.

Notícia atualizada às 12h33.