A Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 (CTVC) aconselha "fortemente" a dose de reforço em maiores de 40 anos, visto que o grande número de pessoas hospitalizadas (cerca de 94%) pertence a esta faixa etária, indica o parecer divulgado esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Esta informação confirma os dados já avançados pelo i, que tinha noticiado que este alargamento estava sob análise na Comissão, estando assim a DGS a preparar o alargamento da dose de reforço a esta faixa etária.
"É expectável que a administração de uma dose de reforço às pessoas com 40 ou mais anos de idade, priorizando os mais velhos, às pessoas com comorbilidades e aos profissionais de saúde (…) diminua a previsível pressão sobre os serviços de saúde associada à antecipada propagação da variante de preocupação Ómicron", aponta o documento da CTVC sobre o alargamento do reforço da vacina.
Segundo os dados, no dia 15 de dezembro, 94,5% dos doentes internados em enfermaria e 93,4% dos internados em cuidados intensivos eram maiores de 40 anos.
"Nesta fase, é premente manter a maximização da vacinação das pessoas definidas na estratégia de reforço vacinal e estender a vacinação com doses de reforço a quem mais dela puder beneficiar", assinala a CTVC, justificando a adaptação da dose de reforço com o crescimento epidémico, sobretudo com o surgimento da variante Omicron.
De acordo com os estudos, a CVTC verifica, para além de, "um claro benefício da vacinação contra a covid-19 com dose de reforço para as pessoas com 40 ou mais anos de idade", tambem nota uma vantagem na vacinação em "pessoas dos 18 aos 39 anos com comorbilidades, pelo que a vacinação destas pessoas é fortemente recomendada, no atual contexto epidemiológico".
Se ao grupo etário a partir dos 40 anos for administrada uma dose de reforço, a CVTC estima uma redução de mais de 90% do número de pessoas hospitalizadas por covid-19, esperando-se também uma adesão elevada à vacinação com dose de reforço.
No que diz respeito à população mais jovem, "os dados e a evidência disponíveis são mais incertos relativamente à magnitude do benefício com a vacinação das pessoas com menos de 40 anos sem comorbilidades, especialmente por não ser possível antecipar o impacto da vacinação destas faixas etárias na evolução da situação epidemiológica com predominância da variante Omicron", observou a Comissão no mesmo documento.
De realçar que nas últimas semanas, tem-se verificado um agravamento da situação epidemiológica, nomeadamente um aumento do número de novos casos em crianças dos 6-11 anos e de adultos até aos 70 anos. A CVTC acredita que o reforço vacinal tem evitado infeções nas pessoas com mais de 70 anos. Note-se que a 15 de dezembro 85% dos maiores de 80 anos já tinham inoculado a dose de reforço, enquanto 79% dos 70 aos 79 anos também recebeu essa dose.
"Apesar de ainda não serem conhecidos dados sobre a gravidade clínica da covid-19 por Ómicron nem a capacidade de proteção do esquema vacinal primário/reforço contra a doença grave causada por esta variante, considera-se que as vacinas mantêm proteção contra doença grave, mesmo para a variante Omicron", sublinha ainda o parecer.