“Devido à presente situação, a Stand News vai interromper as suas operações”, pode ler-se na página de Facebook daquele meio de comunicação, num post publicado esta quarta-feira. “O editor chefe, Patrick Lam, demitiu-se e todos os trabalhadores do Stand News foram dispensados”.
Esta declaração foi divulgada pouco depois de centenas de elementos da polícia de segurança nacional de Hong Kong invadirem os escritórios da publicação e terem detido seis pessoas, procedendo ainda a buscas nas suas residências.
As autoridades não identificaram os elementos detidos, mas na conta de Facebook da Stand News foi publicado um vídeo onde se pode observar os agentes na casa de um subeditor para investigar o alegado crime.
Segundo a Rádio Televisão Hong Kong (RTHK), entre os detidos estão o atual diretor do Stand News, Patrick Lam, e o antigo diretor, Chung Pui-kuen, bem como os antigos membros da direção Denise Ho, cantora e ativista pró-democracia, Margaret Ng, advogada e ex-membro do Conselho Legislativo local, Christine Fang e Chow Tat-chi.
Este é o mais recente golpe à imprensa livre da ex-colónia britânica onde, depois de em junho ter sido encerrado o jornal Apple Daily, os respetivos bens congelados e os executivos detidos, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em julho de 2020.
“Tinham a intenção de dividir o país” Além do encerramento destas publicações, dezenas de ativistas já foram detidos ou viram-se obrigados a fugir da sua terra natal, incluindo o empresário e fundador do jornal Apple Daily, Jimmy Lai, condenado a uma pena que pode chegar até aos 14 meses de prisão, por ter participado numa vigília não autorizada, em 2020, em memória do massacre de Tiananmen, de 1989. Outros sete ativistas também foram detidos na altura.
A Stand News, criada em 2014 como uma organização sem fins lucrativos, é a mais proeminente publicação pró-democracia que se encontrava em funcionamento desde o encerramento do Apple Daily.
À semelhança do que aconteceu à publicação de Lai, a polícia congelou os bens da Stand News, avaliados em cerca de 6,8 milhões de euros, e apreendeu os “artigos subversivos”, escreve o Al Jazeera.
“Não é claro o que existia nos artigos, mas a polícia disse que alguns deles tinham a intenção de dividir o país”, reportou o meio de comunicação do Médio Oriente, acrescentando ainda que o secretário-chefe de Hong Kong, John Lee, apoiou a decisão da polícia afirmando que o “jornalismo não pode ser utilizado como uma ferramenta contra a segurança nacional”.