Por Luís Paulino Pereira, médico
Ninguém sabe como vai ser o novo ano e que novidades nos esperam em 2022. Um pouco por todo o lado – como, aliás, é costume quando o ano em curso está prestes a chegar ao fim – as pessoas interrogam-se. E em conversas umas com as outras não deixam de perguntar: «Como vai ser o novo ano?», «Será melhor ou pior que 2021?», «O que nos trará 2022?», perguntas estas que ficam sempre sem resposta.
Porém, no momento presente, não há ninguém que não demonstre as naturais preocupações com esta ‘revolução pandémica’ e não coloque, logo à partida, muitas reticências ao ano que aí vem.
São compreensíveis todas essas dúvidas e receios. Eu próprio tenho sido questionado por doentes e conhecidos que pretendem saber a minha opinião como médico, não obstante não ser um ‘expert’ na matéria. A minha posição é conhecida: é preciso evitar alarmismos e sobretudo não tentar interpretar os problemas do presente à luz daquilo que vivemos no passado.
A situação que enfrentámos há um ano não é exatamente a mesma com que hoje nos confrontamos. A população portuguesa está quase toda vacinada – e, de acordo com os especialistas, se alguém vacinado se infetar, a infeção será mais ‘benigna’, isto é, mais ligeira, com sintomatologia mais suave e menos tendência para as complicações e internamentos hospitalares.
Mesmo assim, temos de cumprir as nossas obrigações, respeitando as regras que nos são impostas e que sobejamente conhecemos. E não desistirmos da vacinação, quando formos contactados para tal.
De resto, há que saber esperar com paciência e resignação. Como diz o povo, «não há mal que sempre dure»; e lá chegará o dia em que a ciência derrotará este tenebroso vírus e as suas ameaçadoras variantes. Tenhamos esperança. Como crente, confio em Deus e acredito na ciência.
Mas este cenário de incertezas e ansiedade não poderá esconder um acontecimento que, para nós, portugueses, se reveste da maior importância: as eleições de 30 de janeiro.
Delas nascerá um Governo que se deseja forte, coeso e duradouro, independentemente de ser maioritário, minoritário ou de coligação. O importante é que governe e esteja atento aos problemas do país. Na área da saúde, espero que o titular da pasta, que tem pela frente uma tarefa nada fácil – em parte pela gestão da pandemia, mas principalmente pelas exigências da reestruturação do SNS –, consiga desempenhar as suas funções olhando aos profissionais que com ele colaboram e aos doentes, em especial àqueles que dependem exclusivamente do Estado para cuidar da sua saúde.
Nos dias de hoje, este delicado problema deve ser, na minha opinião, considerado prioritário. Por um lado, há que ter em conta os muitos médicos e enfermeiros a saírem da Função Pública, fixando-se no setor privado ou procurando no estrangeiro as condições que neste país lhes são negadas. Só isto já é suficiente para abrir brechas e deixar serviços desfalcados. Mas a isto há que acrescentar a lamentável realidade da existência de portugueses sem médico de família, ‘obrigando’ aqueles que podem a optar por um seguro de saúde, já que o Estado não lhes dá resposta.
E os que não têm essa possibilidade? São abandonados e ignorados de vez? O governante tem, pois, nas suas mãos, esse enorme desafio – e todos nós desejamos que as promessas e os projetos não fiquem apenas pelas boas intenções.
Quanto ao resto, tudo virá por acréscimo.
Pandemia e eleições – de onde sairá um Governo que a vai ter de combater – são pontos altos do ano que está aí a bater-nos à porta. Volto a frisar a importância da paciência e da resignação, essenciais para seguirmos em frente. Confiemos nos especialistas e acreditemos em melhores dias que, mais tarde ou mais cedo, hão de aparecer, devolvendo-nos a paz, a tranquilidade e a alegria que procuramos sem fim.
A todos os leitores deixo o meu abraço e com ele os melhores votos de um Ano Novo com felicidade plena, onde nunca falte a esperança.