Bienal de Veneza

Parece-me ter sido no Público que vi pela primeira vez o problema da escolha da representação nacional à Bienal de Veneza pelo Júri da Direcção-Geral das Artes. Mas foi assunto tratado na generalidade da imprensa, que apoiou uma ou outra posição. Mesmo vários colunistas do mesmo jornal. Havia quem achasse mais adequada a escolha de…

Parece-me ter sido no Público que vi pela primeira vez o problema da escolha da representação nacional à Bienal de Veneza pelo Júri da Direcção-Geral das Artes. Mas foi assunto tratado na generalidade da imprensa, que apoiou uma ou outra posição. Mesmo vários colunistas do mesmo jornal.

Havia quem achasse mais adequada a escolha de Grada Kilomba, por ser uma mulher negra, que fez carreira fora de Portugal, por causa das suas ascendências coloniais, e assim pertencer a uma minoria extraordinária. Mas também por censurar demasiado o País que pretende representar. De resto, havia quase a garantia de que ganharia, o que é sempre mau em qualquer concurso. Dando até que pensar…

E havia quem apoiasse a escolha do dito júri, que recaiu num artista binário (que rejeita identificar-se com o género masculino ou feminino, o que antigamente se chamaria talvez um bissexual), Pedro Neves Marques, de outra minoria.

 Então, pergunto eu, e a simples criatividade artística? Não seria o critério mais adequado para a escolha? Mesmo que representasse uma originalidade, parece muito propositada. Porque fosse qual fosse a decisão, parecia estar-se perante outras considerações.

A verdade é que agora a ministra da Cultura tem de responder a um recurso hierárquico apresentado por Bruno Leitão, o curador proponente te Grada Kilomba, que queria ganhar à partida, e parece não aceitar nenhuma outra solução. A verdade é que eu não queria estar no lugar dela. Seja qual for a sua decisão vai ser criticada pelos vencidos.