Após uma longa história de abandono e roubo, o busto do imperador romano Antonino Pio foi encontrado com a ajuda involuntária da ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama. Após ter sido adquirido pela Junta de Andaluzia, a estátua encontra-se agora no Museu de Málaga.
A peça de mármore, apresentada na passada terça-feira, 4 de janeiro, pelo presidente do Conselho, Juanma Moreno, é datada do alto Império Romano, entre 138 e 161 depois de Cristo, e foi encontrada pela primeira vez no início do século XX, aparentemente durante alguma um momento de jardinagem numa antiga fazenda no atual bairro de Málaga, em Huelin.
O busto foi reconhecido a nível científico em 1963, quando foi apresentado no VIII Congresso Nacional de Arqueologia, realizado entre Sevilha e Málaga. Encontra-se num bom estado de conservação, embora apresente algumas perdas, especificamente nas pontas – falta grande parte dos ombros, e também se observam perdas no nariz e nas orelhas.
Até agora, o proprietário era o colecionador particular Vicente Jiménez Ifergan, que manifestou à EFE a sua "satisfação" pelo facto da Junta ter adquirido a peça após as "grandes ofertas económicas" que recebeu.
Jiménez Ifergan, por sua vez, comprou a peça aos seus proprietários anteriores, a família Bolí, que havia sofrido o furto do busto em 2004 durante uma remodelação da sua residência em Málaga, e temia que nunca mais se soubesse dela.
Contudo, durante as férias de Michelle Obama na Costa del Sol em 2010, quando a ex-primeira-dama americana se hospedou no hotel Villa Padierna, localizado entre Marbella e Benahavís, algumas imagens veiculadas na televisão revelaram que Antonino Pío adornava as instalações desse estabelecimento hoteleiro.
“Um herdeiro da família Bolín disse-me que estava a ver televisão enquanto comia uma sopa e, ao ver a imagem do busto, a sua colher caiu, o seu prato partiu-se e a sopa derramou-se sobre ele”, revelou Jiménez Ifergan. Após a visita de Michelle Obama, a família Bolín dirigiu-se ao hotel para informá-la do achado e o dono do estabelecimento, Ricardo Arranz , “automaticamente devolveu-o à família, pois quando o comprou, não achou que este tivesse sido roubado”, explicou.
Por sua vez, Moreno qualificou o achado como "uma boa notícia para a cultura e para o património histórico de toda a Andaluzia". Segundo o mesmo, o preço de aquisição – 80 mil euros – "é um valor muito razoável na opinião de muitos especialistas” e, o busto, "será uma das peças mais destacadas do Museu de Málaga, onde a ausência de esculturas deste tipo fez com que a história não estivesse totalmente completa”.
A escultura, realizada numa oficina da Hispânia Bética, foi encontrada no que era a estrada entre Malaca (Málaga) e Gades (Cádiz) e "representa o imperador curiosamente mais velho", segundo o presidente, que acrescentou que este "não era um retrato institucional ou idealizado, mas sim a memória de alguém por quem se sente respeito e veneração".