Três anos depois de ter sido detida sem qualquer acusação, a princesa Basmah bint Saud bin Abdulaziz al-Saud da Arábia Saudita, de 57 anos, foi libertada pelas autoridades.
A notícia foi divulgada pelo conselheiro legal de Basmah, filha mais nova do falecido Rei Saud, que governou o país até 1964, e defensora dos direitos humanos, que revelou que esta e a sua filha, Souhoud al-Sharif, já se encontram em liberdade depois de terem sido detidas em março de 2019.
“As duas senhoras foram libertadas de sua prisão arbitrária e chegaram a sua casa em Jeddah na quinta-feira, 6 de janeiro”, revelou o advogado, Henri Estramant, citado pelo Guardian. “A princesa está bem, mas irá fazer novos exames médicos. Ela parece cansada, mas encontra-se de bom humor e grata por se reunir com seus filhos pessoalmente”, concluiu o conselheiro legal.
Até ao momento, o Governo saudita ainda não comentou nem justificou a libertação da princesa Basmah e da sua filha, um silêncio que tem sido característico deste caso, uma vez que as autoridades ainda não justificaram a razão para qual estas mulheres foram presas.
Alguns especulam, segundo a BBC, que a detenção de Basmah se deve à sua militância em relação à defesa de direitos humanos e à sua insistência em realizar uma reforma da constituição, enquanto há quem aponte também para a ligação com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Nayef, que, alegadamente, estará em prisão domiciliária.
A família da princesa, que enviou uma petição privada à ONU, em 2020, disse que a detenção de Bashmah pode ter sido realizada “como uma crítica aberta dos abusos no seu país de nascimento, mas também por perguntar sobre a fortuna congelada deixada pelo seu pai”.
O Rei Saud, primeiro monarca do país a abrir negócios com o Governo americano, foi o segundo Rei da Arábia Saudita e morreu em 1969. Atualmente, quem rege o país árabe é o Rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, primo de Basman, no trono desde 2015.
A detenção de Basmah aconteceu depois desta ter sido impedida de viajar para a Suíça onde iria realizar tratamentos para uma doença coronária, tendo sido inclusivamente acusada de falsificar um passaporte, disse um parente próximo.
Na altura em que foi detida, a princesa ainda conseguiu partilhar uma publicação onde afirmava ter sido encaminhada para Al-Ha’ir, uma prisão de segurança máxima em Riade, capital do país, mas a mensagem foi posteriormente apagada.
Um ano após a sua detenção, esta foi obrigada a lançar um apelo ao seu tio, o Rei Salman, e ao seu primo, o príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, para que fosse libertada citando o estado de saúde muito grave em que se encontrava.
Agora, após a sua libertação, ainda não é claro se esta poderá viajar para o estrangeiro.
Além de Basmah, diversas outras ativistas que defendem os direitos das mulheres também se encontram detidas, assim como vários membros da família real que o príncipe herdeiro considera ameaçarem a sua permanência do poder, nomeadamente o já referido bin Nayef e pelos menos dois filhos do anterior monarca, Rei Abdullah.