O Estado vai contratar em breve mais 2 895 funcionários – noticia o Expresso a tão oportuna promessa do Governo – mas 20% dos contratos não são permanentes», acrescenta, cândida, a jornalista. Mas não devia antes ter escrito: «80% dos contratos são permanentes»?
E a somar a isto, o PS abre a porta a um horário de trabalho de 4 dias por semana para a Função Pública, com arrastamento da medida para o setor privado! À nossa realidade – que já irritava os países ‘frugais’, cuja caridade nos mantém como temos vivido –, António Costa junta o que levará a um ataque de nervos os alemães, os holandeses e os outros que nos vão deixando cada vez mais para trás. Até os gregos!
Ou seja: sem estar provado que produzimos pouco por termos muitas horas de trabalho (hipótese que acho muito duvidosa, começando logo pelos políticos, bem pagos e sem horário obrigatório) e devendo promover-se a produtividade, Costa promete menos tempo de trabalho. E em vez de reduzir o número de funcionários, o PS, sôfrego de mais Estado, promete aumentá-lo. Isto é: mais burocracia, ineficácia dos serviços, entraves à vida quotidiana dos portugueses, complicação para quem se atreve a empreender e criar riqueza, mais gente a estorvar-se entre si, mais portugueses sem produzir nada, mais despesa para a penúria do país, já muito endividado, pagar.
Enfim: mais socialismo, menos liberdade; mais pobreza, menos riqueza. Como aconteceu sempre urbe et orbi onde houve socialismo.
Legislativas 22: debates
Se os comentadores continuarem a ‘derrotar’ Ventura em todos os debates, o Chega ultrapassará os 12%. Não haverá um comentador de esquerda liberal, objetivo, que diga o que toda a gente, que quer ver, vê? Não foi óbvio que as intervenções de Ventura arrasaram as de Catarina Martins, marcando-a porventura para o resto dos debates? Chamou «fascista» ao líder do Chega, mas de quem eram os olhos que faiscavam ódio? E quem foi que ‘matou’ o outro não o tratando pelo nome? E nunca ouvi Ventura identificar-se com os monstros fascistas. Mas ouvi ideólogos e militantes do BE a evocarem os ícones monstruosos iguais.
E qual é a diferença entre extrema-direita e extrema-esquerda, para além da candura que esta ostenta hoje? Num momento em que um jornalismo destemido, que honra a profissão – o do Observador –, revela a realidade das FP-25 e a coragem dos que terminaram e julgaram um processo, com rigor e no tempo, como hoje não se faria, não podemos deixar de nos interrogar sobre até onde iria hoje a extrema-esquerda se tivesse força para o fazer.
Mas de uma coisa tenho a certeza e quero escrevê-la: seja qual for, por ignorância da História, ingenuidade política ou hipertrofia na avaliação das suas habilidades na manobra, a deriva para a extrema-esquerda – inaceitável para quem tem memória e ama a liberdade criadora – que António Costa impõe ao país democrático-liberal nunca o levaria (nem à maioria do PS) a não se opor aos novos torcionários. Como os socialistas se opuseram sempre.