Por Carlos Pereira – Economista e vice-Presidente do grupo parlamentar do PS
Vivemos uma crise política e Portugal inteiro conhece os responsáveis desta infeliz circunstância: os que saíram à primeira oportunidade, abandonando os portugueses sem dó nem piedade, os que ensaiaram uma dificuldade inultrapassável para (também) sair e, não menos importante, os que nunca estiveram verdadeiramente com o país, mas sempre à espreita de um momento para que a instabilidade os favorecesse, mesmo que prejudicasse os portugueses.
Inventaram trinta por uma linha, construíram cenários mirabolantes e enredaram-se em conflitos sucessivos, mas quase sempre distantes do interesse do país. Portugal, nos últimos anos, conheceu o período de maior crescimento económico desde a democracia, ultrapassou os difíceis tempos da austeridade, demonstrando que as contas certas são compatíveis com crescimento e com uma agenda social robusta.
O superávit das contas públicas, a redução da dívida e as boas previsões orçamentais, que tiraram o país do procedimento de défices externos, deram o reconhecimento internacional que permitiu financiar a economia a um custo mais baixo e enfrentar os desafios da covid-19.
Os portugueses passaram a confiar no Governo, como aliás explicou a revista Forbes para justificar os bons resultados no combate à pandemia. As políticas passaram a servir as empresas e as famílias. Os jovens ficaram em Portugal e os recordes no investimento estrangeiro e nas exportações mostram a bondade de uma nova era com uma nova estratégica.
Nos últimos 6 anos foram deixados para trás os tempos do inferno diabólico das políticas que puniam, derrotavam e humilhavam português atrás de português.
Neste momento, a menos de um mês de eleições, é preciso manter o sentido patriótico e corresponder às preocupações do Senhor Presidente da República: é preciso virar a página (da pandemia) e é preciso estabilidade e previsibilidade.
Olhando para o panorama partidário, e avaliando os últimos anos, é fácil concluir que o PS construiu um legado de estabilidade em torno de António Costa, minimizando arrufos constitucionais, respeitando os órgãos de soberania e partilhando decisões com o mais alto magistrado da república sem exuberância e com elevado sentido de Estado. Com esta atitude mostrou a relevância de um perfil dialogante e construtor de pontes, mas ao mesmo tempo destruidor de intrigas palacianas. António Costa derrubou muros aparentemente intransponíveis por um bem maior: o bem estar dos portugueses.
Os resultados são óbvios, por isso o país sabe que não é o momento de arriscar em AVENTURAS. Os portugueses sabem que o caminho é estreito e a agenda do líder da oposição não assegura a estabilidade nem dá confiança na construção de um Portugal moderado e progressista. As nuvens de retrocesso civilizacional, radicalização e austeridade programática acompanham os Passos do atual PSD, cujo líder não hesita em se trasvestir em porta-voz da suposta bondade de um programa radical da extrema direita portuguesa.
O país precisa de estabilidade e capacidade governativa, mas esse anseio não se alcança com alguém que abusa do conflito gratuito, do autoritarismo algo pueril ou, não menos importante, da inexperiência governativa. O líder da oposição, há que dizer, está a brincar com o fogo e despreza a história democrática do país, ameaçando colocar Portugal aos pés de um neofascismo encapotado de antissistema que o líder da oposição tanto aprecia.