Por Aristóteles Drummond
O Brasil cada vez mais singular, pedindo uma maneira diferente para ser avaliado. O Governo Bolsonaro vem apresentando um elogiável acervo de realizações, consolidando nos que acompanham de perto a política a certeza de que ele fala muita bobagem, equivocado total na pandemia mas com excelentes diretrizes d acervo de obras.
Na pandemia, foi inconveniente desde o início. Chamou de «gripezinha», depois disse que «todo mundo morre um dia» e, mais adiante, brincou que, ao tomar vacina, a pessoa «podia virar jacaré». Ridicularizou o uso da máscara, não tomou vacina, criticou isolamento e lockdown, demorou na compra das vacinas alegando detalhes jurídicos, que corrigiu seis meses depois da primeira proposta da Pfizer. Comprou as vacinas fabricadas pelo Butantan, laboratório do governo de São Paulo, com manifesta má vontade e, agora, não compra mais, preferindo importar a da Pfizer. Por fim, é contra a exigência da vacina para entrada no país e em lugares públicos. E agora dificulta vacinar crianças. Trocou de ministro três vezes na pandemia. Uma trapalhada só.
Entretanto, este mesmo Presidente tem parte de sua equipe de referência pela competência e dinamismo e uma visão liberal, moderna da economia. Os investimentos milionários no país são todos do setor privado, como a transferência para gestão privada de quase todos os aeroportos, principais estradas. Fez a concorrência do G5, retomou obras paradas na habitação e a transposição de águas do Rio São Francisco, projeto de Lula que era para ficar pronto em 2015 e ele está terminando, já tendo dado água para mais de 20 milhões de nordestinos. Nas ferrovias, as obras multiplicam por cinco os quilómetros existentes. A agricultura está em níveis recordes de produção e exportação. Agora, o novo regulamento para o transporte marítimo entre portos brasileiros foi liberado e vai melhorar os custos no transporte de principais produtos. Acabou com a reserva de mercado das empresas brasileiras. Paradoxal! E não tem assessoria na comunicação. Por isso à reeleição fica cada vez mais distante.
VARIEDADES
• «A gente ama as vilãs porque se vê um pouco nelas», disse Claudia Raia, atriz com décadas de presença nas novelas televisivas, em entrevista à TV Globo.
• Raridade no Brasil, o Grupo Gerdau, do setor siderúrgico e com presença internacional, com 120 anos, está na quinta geração da família fundadora. Origem em imigrantes alemães do final do século IXX a empresa está presente nas principais bolsas internacionais.
• Os principais candidatos, que disputarão a eleição em outubro, pertencem a diferentes gerações. Lula, o mais velho, com 76 anos, Bolsonaro, com 66, e Moro, com 50.
• Finalmente, a novela da colocação em pauta do Congresso da volta do jogo no Brasil pode acabar. O projeto deve ir o plenário na primeira semana de fevereiro, na reabertura dos trabalhos legislativos. Os cassinos e os bingos foram proibidos em 1947. Mas o Governo mantém o monopólio das loterias e jogos, que, no ano que se encerra, movimentaram cerca de um mil milhões de euros equivalentes. Na negociação com a bancada evangélica, que é contra o jogo nos cassinos, a isenção do IMI para igrejas.
• O musical Cinderella faz retomar os grandes espetáculos no Rio, com temporada de um mês a partir desta semana.
• A privatização do aeroporto Santos Dumont, no Rio, continua a despertar polémica, com a pressão politica pela limitação da operação no aeroporto central, que faz as ligações internas e aspira atender a demanda para Buenos Aires, que tornaria as viagens mais fáceis com o uso do aeroporto central da capital argentina, Aeroparque, que permitiria ida e volta a empresários no mesmo dia.
• Depois do susto deste ano, o nível dos reservatórios das usinas está na marca média histórica para a época. E as chuvas de verão devem consolidar a segurança da energia para o ano. As chuvas provocam problemas na Bahia e em Minas, com desabamentos e mortes.
• No apagar das luzes do ano, o Governo teve sucesso na colocação de dois blocos de petróleo, na Bacia de Santos, com recebimento de um mil milhões e meio de euros e cinco linhas de transmissão no setor elétrico, com investimentos de meio mil milhões de euros. Alto preço, desaquecimento da economia e fontes alternativas diminuíram o consumo.
• Brasil começa a cogitar a ter produção nacional de fertilizantes. Com a segunda economia mundial no agronegócio, a dependência de insumos importados é de 80%. No insumo para a vacina da AstraZeneca já não são necessários componentes importados.
Rio de Janeiro, janeiro de 2022