A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou, esta quarta-feira, um parecer técnico que sustenta a importância da vacinação contra a covid-19, para evitar doenças graves ou complicações pela infeção com o vírus. No documento, os técnicos do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares reafirmam os benefícios da vacinação no grupo etário dos 5 aos 11 anos e também na população em geral e a segurança da vacina, transmitindo "uma mensagem de tranquilidade aos pais e crianças portuguesas".
O parecer baseia-se em diversos artigos científicos publicados em revistas médicas, nos documentos normativos das entidades sanitárias nacionais e internacionais, nomeadamente os resultados da vacinação em mais de oito milhões de crianças entre os 5 e os 11 anos de idade.
Segundo o parecer técnico do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares da DGS, a vacinação permite diminuir o potencial de gravidade do impacto da covid-19 nas crianças e adolescentes, no entanto ainda estão por apurar a existência de complicações ou sequelas persistentes.
A entidade indica que a miocardite – inflamação do músculo cardíaco – por infeção com a covid-19 é mais frequente do que após a vacinação e pode ter sintomas mais graves e complicações e sequelas a curto prazo.
As informações da DGS ditam que as alterações cardíacas em crianças infetadas "não são desprezíveis e são mais complexas e graves do que as descritas após a vacina", enquanto a miocardite em idade pediátrica após a vacinação "é muito rara, apresenta-se com sintomas ligeiros, evolução rápida e não aparenta ter complicações ou sequelas a longo prazo".
O documento também explica que as causas da miocardite devido à covid-19 são ainda desconhecidas, no entanto há fortes suposições de que "ocorre quando o sistema imune do próprio doente, em resposta à infeção, agride o coração", mas "ainda não está provado".
"Desconhece-se a razão pela qual ocorre mais frequentemente entre rapazes jovens, após a puberdade. Também não foi ainda possível confirmar a relação causa-efeito entre a vacina e a miocardite", vinca a DGS.
Este quadro clínico também foi reportado pela agência americana de prevenção e controle de doenças – CDC (Centers for Disease Control and Prevention), que reportou 11 casos de miocardite em 8.700.000 de vacinas administradas entre os 5 e os 11 anos, e que "todas foram ligeiras e transitórias", salientou a DGS no parecer.
"Não se conhece mortalidade diretamente relacionada com a vacina", destaca a entidade portuguesa.
Para os peritos que elaboraram o parecer, a vacinação demonstrou ser eficaz na prevenção da doença grave e na mortalidade e que os efeitos secundários adversos "são raros e pouco significativos".
De acordo com estudos recentes, os adolescentes vacinados tem uma menor probabilidade de ter síndrome inflamatória multissistémica (MIS-C) após infeção, tendo essa possibilidade diminuído 91%.
"Os casos mais graves ocorreram nas crianças e adolescentes não vacinados", ressalvou a DGS, notando a segurança da vacina em idade pediátrica e que, apesar de a covid-19 ser menos frequente em crianças, tem vindo a aumentar devido à maior prevalência da variante Omicron.
"A experiência dos Hospitais Pediátricos Nacionais de referência é de que o risco de envolvimento cardíaco em doentes com infeção por Covid, em qualquer idade, é uniformemente pior e mais frequente, do que após a vacinação, podendo ser responsável por sequelas tardias, que requerem seguimento a longo prazo. Não sendo comparável à miocardite após vacina, muito mais rara e ligeira", indica o parecer.
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