Todos os portugueses estarão imunizados após a atual vaga da pandemia, o que deverá acontecer depois de fevereiro, e a covid-19 vai evoluir para uma “doença residente” como a gripe ou a herpes, prevê um relatório do Instituto Superior Técnico (IST).
O grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia do IST considera que, “entre vacinação e infeção, depois do final de fevereiro toda a população terá alguma imunidade ao vírus” que causa a covid-19.
No relatório, os especialistas referem que, uma vez que toda a população residente em Portugal terá algum tipo de imunidade após esta vaga pandémica, a partir de meados de fevereiro é a altura de “preparar o pós covid-19 em Portugal”.
“Os sistemas de saúde terão agora de preparar a resposta para as pessoas em número a estimar que poderão sofrer de longo covid e manter alguma reserva de resposta para eventuais variantes”, aconselham Pedro Amaral, José Rui Figueira, Henrique Oliveira e Ana Serro, que compõem o grupo de trabalho coordenado pelo presidente do IST, Rogério Colaço.
No documento lê-se ainda que a “imunidade de grupo não se poderá alcançar e este vírus passará a fazer parte das preocupações futuras, como a gripe sazonal e muitas outras doenças”.
“Podemos considerar que a covid-19 passará a ser uma doença residente na Europa em geral e em Portugal em particular. O que não obsta a que se relaxem os mecanismos da avaliação, monitorização e resposta a esta doença em geral e a outras pandemias que, no futuro, são expectáveis”, continua.
De acordo com as previsões dos especialistas do IST, a covid-19 passará a ser uma doença a “longo prazo como em tempos foram poliomielite, sarampo ou varíola” ou, atualmente no mundo, a “dengue, febre-amarela, gripe, hepatite, herpes, HPV e SIDA, entre tantas outras”.
Em termos epidemiológicos, o relatório que inclui dados de terça-feira alerta que o índice de transmissibilidade do vírus (Rt), depois de ter estado em “travagem forte até 19 de dezembro”, inverteu a tendência de descida, o que tem como “explicação a explosão de contágios nas escolas (classe entre zero e 9 anos) e a campanha eleitoral” para as eleições de domingo.
No pico da incidência da atual vaga, Portugal deve atingir um valor real de 150 mil casos de infeção, dos quais serão visíveis apenas 60 mil a 65 mil casos que se obtém ao nível de saturação de testes.
“Prevemos que, em média a sete dias, não se supere os 50 óbitos por dia até 31 de janeiro”, aponta o documento. Relativamente aos isolados, a campanha eleitoral “extremamente participada e os contágios descontrolados nas escolas” podem levar estes números a superar mais de um milhão.
“Prevemos um número de casos em isolamento acima de 1.050.000 para o dia 30 de janeiro”, o que terá como consequência que o pico da incidência ocorra mais tarde, entre o início de fevereiro e o dia 12 do mesmo mês.
“As autoridades terão de contar com um número efetivo de eleitores isolados a pretenderem votar, descontando os que votaram em voto antecipado, os abstencionistas prováveis e os menores de 18 anos, de um número previsível situado entre 300 mil e 450 mil eleitores reais (em situação de isolamento) a irem às câmaras de voto”, conclui o relatório do IST.