Uma coisa que distingue melhor a direita da esquerda são os serviços públicos. Claro que o Estado não vai ter dinheiro para pagar a escolha, senão não tinha acabado com as Caixas em que isso era possível, e acabará por não dar nada. Quem propõe isso, não o faz por boas razões.
Entretanto, se nos fixarmos na Saúde e na Escola, onde os serviços públicos são mais visíveis em Portugal, vemos que estes pagam muito melhor aos seus trabalhadores do que os privados. E não exigem currículos especiais.
Repare-se nos professores ou nos enfermeiros. Ganham muito mais nos serviços públicos, e comparados com outras profissões em Portugal, nem estão nada mal pagos, antes pelo contrário, nem têm de se esforçar nada para isso. Mesmo os médicos, que terão ficado mais para trás, não lhes agrada deixarem o serviço público, de que dizem tão mal (muito bem: alguns). Mas reconheçamos que não foram tão longe nos ordenados públicos. Vale a pena pensar porquê. Talvez por apoiarem tão abertamente a direita, e ter sido o PCP e a sua influência sindical a atirar para cima os salários dos serviços públicos (e igualmente noutros sectores). Ora o PCP importar-se-á menos com os médicos, que estão na generalidade contra si.
Mas os médicos, que preferem quase sempre o privado (que paga mal, mas onde conseguem ir mais longe), tiveram apenas nos Executivos da AD ministros da Saúde que lhes fizeram frente. Claro que para ganharem mais teriam de ir por outro lado.
E se a actual bastonária dos enfermeiros durar muito, também é natural que estes percam algumas das regalias de que gozam.