Sabia que, com a alta transmissibilidade da nova variante e o número de casos ativos que havia em janeiro, depois de as aulas recomeçarem seria uma questão de dias até um dos meus filhos chegar a casa positivo. Foi uma semana. Ou menos, nunca chegaremos a saber ao certo.
Na terça-feira da semana passada, quando um dos meus filhos acordou cheio de dores de cabeça e sabia que alguns amigos tinham testado positivo, não o enviei à escola. Com o intensificar dos sintomas acabei por lhe fazer um auto-teste, que deu positivo. Liguei para a Saúde 24 para dar conta disso e receber a prescrição do teste de confirmação, declaração de isolamento e testes e declarações para todo o agregado. Sempre que indicava que alguém tinha sintomas, a chamada caía. Até que considerei todos assintomáticos e resolvi tudo automaticamente ao longo de várias chamadas, após escolher as opções e indicar os números de utente e da segurança social para que nos fossem enviados os documentos necessários.
Somos sete em casa e tinha dezenas de mensagens entre prescrições, códigos de acesso a declarações de isolamento e recomendações. Para marcar os testes tinha de fazer corresponder os dados de cada um com o código certo da prescrição, o que não era fácil porque nada estava identificado. Ainda assim, impossível mesmo foi arranjar vagas para dali a três dias. Marquei para o sétimo dia, porque era a única data disponível.
Passados dois dias consegui marcar noutro concelho, a 20 km de casa, um teste antigénio numa farmácia para confirmar o auto-teste positivo. E lá fomos nós, o meu filho positivo e os outros quatro que deveriam estar em isolamento, a uma farmácia fazer o teste para confirmar aquilo que já sabíamos, mas que teria de entrar no sistema. A seguir recebi um formulário para preencher com os dados de todos e lá veio nova avalanche de mensagens. Durante essa semana o meu marido, o meu filho mais velho e eu fizemos auto-teste que deram negativo e ao sétimo dia lá fomos todos fazer o PCR. Entre sermos chamados para fazer a admissão e estarmos despachados, estivemos quase duas horas fechados num laboratório.
No dia seguinte recebemos os resultados: todos negativos! O meu filho que esteve infetado regressou no dia seguinte à escola – ao 8.º dia. Os restantes, apesar de estarem negativos após uma semana em contacto com o irmão, têm de continuar em casa durante mais uma semana, voltar a pedir declarações de isolamento e repetir o teste ao 3º e 7.º dia após a alta do irmão. Ou seja, vai começar tudo de novo. Depois das três semanas de férias forçadas e mais algumas em isolamentos, os meus filhos estão novamente em casa, sem aulas presenciais…
Podemos ter estado todos positivos antes e por isso não fomos contagiados, o que só se pode comprovar com um teste de anticorpos. Talvez em vez de nos enchermos de testes em laboratórios ao 3.º, 7.º, 10.º e 14.º dia, em vez de as turmas serem todas testadas quando aparece um caso positivo, fosse mais sensato fazer testes em casa quando se justifica e prescreverem testes de imunidade para crianças e adultos saberem se já estiveram ou não em contacto com o vírus. Evitava-se novos testes, isolamentos e mesmo a vacinação desnecessária. Vacinar às cegas, mesmo aqueles que já têm imunidade, só porque a doença não entrou no sistema, para ter acesso ao certificado digital, não faz sentido. Toda esta burocracia e obrigatoriedade, ainda mais com o número que temos de infetados, torna-se impraticável.
Felizmente, ao final do dia as dores de cabeça do meu filho já tinham passado. Já as nossas, entre pedidos de novas declarações e códigos para testes, marcações, realização de testes, escola à distância e isolamentos, ainda parecem estar longe de acabar.