Vale tudo pelo voto

O ex-juiz Sérgio Moro, que parece ser a opção mais equilibrada a Lula e a Bolsonaro, não tem uma posição clara sobre sua visão económica.  

O Presidente Bolsonaro só se ocupa de sua campanha para a reeleição. Apesar de aparecer mal nas sondagens e surgirem indícios de defeções em sua base de apoio político, não parece perceber a realidade. Quer dar energia elétrica com uma tarifa social simbólica para 30 milhões de famílias, o que deve provocar alta nos preços para as empresas e consumidores das classes médias. Também quer retirar os impostos do governo central no gasóleo. E, mais perto das eleições, tentar aumentar a ajuda em dinheiro para mais de 30 milhões de brasileiros.

Mas a economia já reage, com retração em investimentos e cotações nas ações e no câmbio. A desconfiança na perda do controle da inflação cresce. O ministro Paulo Guedes é um solitário no governo e, no mercado, especula-se que pode sair antes da Páscoa.

Para completar o ambiente tenso na economia, o candidato Ciro Gomes, que aparece em quarto lugar nas pesquisas e foi ministro das Finanças no governo Itamar Franco, disse que vai taxar os ricos e acabar com o teto de gastos. Isso depois de Lula haver declarado que redistribuirá a renda aumentando o imposto sobre os ganhos de capital.

O ex-juiz Sérgio Moro, que parece ser a opção mais equilibrada a Lula e a Bolsonaro, não tem uma posição clara sobre sua visão económica.
 
Variedades 

• O Brasil parou com a morte de Elza Soares, aos 91 anos. Referência da música popular por mais de seis décadas, foi casada com Garrincha, o grande craque da seleção. Três dias antes de morrer, gravou um DVD.

• A cidade de São José dos Campos, em São Paulo, com quase um milhão de habitantes, encomendou 500 autocarros elétricos para que, em três anos, todo seu transporte público urbano seja não poluente. A cidade é sede da Embraer e do centro de tecnologia da Aeronáutica.

• A produção de caminhões prevista para este ano é de 140 mil unidades. Parte já movida à energia limpa.

• A primeira sede de governo no Brasil, com 400 anos, na Bahia, pode virar um hotel. O Palácio Rio Branco, cujo último restauro tem mais de cem anos, fica em Salvador. O leilão deve acontecer em abril.

• A Justiça Eleitoral anunciou, pela palavra do seu presidente Luís Roberto Barroso, que vai pedir à Organização dos Estados Americanos que envie observadores para as eleições deste ano. A medida, que pode se estender a outros organismos internacionais, se deve às frequentes declarações do Presidente Bolsonaro levantando suspeições sobre o processo eleitoral brasileiro.

• Na pandemia, o presidente voltou a promover a cloroquina como remédio mais eficiente do que as vacinas. E a minimizar as mortes de menores em função do vírus. São 20 milhões os que, entre cinco e onze anos, podem receber a vacina.

• Antes restrito à periferia do Rio e São Paulo, a mocidade com viés contestador aderiu à ‘Nevada’, que é fazer tratamento para descolorir o cabelo. Médicos alertam para os perigos do uso abusivo da água oxigenada.

• Os desfiles das escolas de samba movimentam milhões no Rio, como em São Paulo. Por isso, a tendência é fazê-los em abril, quando se espera retração na pandemia. Hotelaria do Rio aprova.

• A reforma do Judiciário entrou no debate da campanha eleitoral. O Brasil, como outros países latinos, tem um Judiciário caro, lento e injusto. Basta ver as sedes dos tribunais. E não apenas no Brasil.

• O atraso de pagamento de fatura de luz, gás, condomínios e mensalidade escolar anda perto dos 60%. 

• O Banco Itaú-Unibanco, em sua carteira de gestão de fortunas, chegou a marcar cem mil milhões de euros equivalentes. Agora, uma só diretoria cuida das contas no Brasil como no exterior. O banco tem agência em Nova York e Miami, onde os clientes são quase todos brasileiros. E as remessas para o exterior têm crescido. Economia promissora, mas ambiente político assustador.

• Lula da Silva estaria preocupado com o evoluir da crise nos países de governos à esquerda – Argentina, Venezuela, Chile e Peru –, pois pode assustar o eleitor brasileiro.