A agência de viagens XTravel apresentou-se à insolvência na Comarca Lisboa Oeste. Em causa está o incumprimento da devolução de viagens de finalistas canceladas em 2020, altura em que o país já vivia com restrições devido à pandemia de covid-19.
A notícia surge poucos dias depois de se ter sabido que dezenas de pais dos finalistas denunciarem este incumprimento e muitos garantiram já ter recorrido ao Provedor do cliente e à comissão arbitral. A viagem envolvia 10 mil alunos e milhares de famílias que ainda não foram ressarcidas. E falam numa alegada megaburla que chega aos cinco milhões de euros.
A insolvência ainda não está registada no portal Citius mas a Lusa encontrou, uma base de dados de empresas que, nos últimos dias, registou ‘incidentes’ relativos à agência de viagens, os dois últimos motivados pela mudança de localização principal e, em 29 de janeiro, por se apresentar à insolvência na Comarca Lisboa Oeste – Sintra.
“Com efeito, somos a esclarecer que a Xtravel-KJBMF relega a prestação de quaisquer esclarecimentos ou respostas para o processo de insolvência a que teve que recorrer e cujas razões também nele se encontram elencadas, sem prejuízo de estarem, como sempre estiveram, disponíveis para reenviar aos clientes as faturas/recibos que sejam devidos”, esclareceu num comentário à Lusa.
Entretanto a Deco garantiu à Lusa que o pedido de insolvência não impede que o fundo de garantia das agências de viagens reembolse os clientes pela viagem.
“Um processo de insolvência ou um Processo Especial de Revitalização [PER] não coloca em causa o acionamento deste fundo de garantia”, esclareceu Ana Sofia Ferreira, da organização de defesa do consumidor portuguesa Deco à Lusa, acrescentando que “são dois processos distintos, que não têm interferência um com o outro”.
Recorde-se que esta viagem não é o único incumprimento da XTravel. O gerente da Xtravel esteve recentemente no programa Linha Aberta, de Hernani Carvalho e esclareceu: “Estamos a falar de um evento que foi cancelado a 16 dias de se iniciar. Um evento que, além de incluir a deslocação, inclui 6 dias de espetáculos, palcos, uma componente humana de mais de 600 pessoas. Deixo de ter capacidade de devolver a 100 % aos meus clientes porque tenho custos, pago rendas, impostos, eletricidade, salários…”.