Milhares de manifestantes são esperados nas ruas do Brasil no próximo sábado para protestar contra o assassinato de um jovem refugiado congolês cujo assassinato, que chegou a ser filmado, causou uma explosão de raiva por racismo estrutural profundamente enraizado na sociedade brasileira.
Moïse Mugenyi Kabagambe abandonou a sua casa na cidade de Bunia, na República Democrática do Congo, há 11 anos atrás, após a morte da sua avó. Procurou abrigo a milhares de quilómetros de distância no Brasil apenas para perder a sua própria vida na semana passada, aos 24 anos de idade, depois de ter sido atacado por um grupo de homens numa das praias mais conhecidas do Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca.
"O meu primo nunca fez mal a ninguém, ele estava sempre a sorrir. É repugnante. É um pesadelo", disse o primo da vítima, Chadrac Kembilu Nkusu, um companheiro refugiado que está a considerar fugir para o Canadá por causa do ataque.
Familiares dizem que Kabagambe tinha ido exigir 200 reais em salários não pagos do bar à beira-mar, onde tinha trabalhado informalmente como empregado de mesa, servindo os frequentadores da praia.
O jovem sofreu ferimentos fatais no peito após ter sido derrubado no chão e espancado dezenas de vezes com pedaços de madeira e vários socos. Tudo indica que as suas mãos e os seus pés foram atados depois de ter sido derrubado inconsciente.
"O assassinato bárbaro de negros é vergonhosamente comum no Brasil … Aqui temos um George Floyd a cada 23 minutos. Temos um Moïse a cada 23 minutos. Estamos constantemente a ser mortos", disse Douglas Belchior, um líder da rede Coalizão Negra Por Direitos que está a ajudar a organizar os protestos.