No Dia Mundial do Cancro, a Liga Portuguesa Contra o Cancro traça um retrato da realidade oncológica desde o surgimento do novo coronavírus. Em comunicado, avança com a estimativa de que a doença matou 30.168 pessoas em Portugal em 2020. Um “número que tenderá a crescer nos próximos anos face aos atrasos do diagnóstico e tratamento, sendo que o grande impacto nas mortes por cancro deverá sentir-se dentro de um a cinco anos”, avisa a Liga.
Assinalado a data, o alerta da organização responsável por rastreios e apoio a muitos doentes oncológicos alerta que “é importante e urgente que se verifique uma reorganização do sistema nacional de saúde em defesa do doente e uma maior aposta em programas de prevenção, deteção precoce e tratamento do cancro em Portugal” para que exista também uma reorganização dos Cuidados de Saúde Primários focada nos diagnósticos e na referenciação do doente com esta patologia.
Naquilo que diz respeito ao programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários, dados do Estudo do Movimento Saúde em Dia já tinham mostrado uma quebra de 18% no total de mulheres com mamografia realizada, de 13% daquelas com registo de colpocitologia atualizada e de 5% de utentes com rastreio do cancro do colon e reto efetuado.
“Os dados sugerem que muitos casos de novos cancros ficaram por identificar durante os anos de pandemia”, diz a Liga.
O cancro é a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, com 60 467 mil novos casos em 2020, importando referir que o cancro colorretal é o mais frequente no nosso país. As causas de morte de 2020 só serão publicadas em maio, indicou esta semana ao i o Instituto Nacional de Estatística. No primeiro ano da pandemia, foram reportadas 6972 mortes associadas à covid-19, com a letalidae a disparar no início de 2021. Em 2020, a doença terá estado longe de ser a principal causa de morte no país, com as doenças cardiovasculares e o cancro a representar o maior número de óbitos, segundo as estimativas da Liga, pelo menos uma em cada quatro mortes.