Por Mário Cunha Reis – Engenheiro e gestor – Porta-Voz da TEM Esperança em Movimento – Membro da Comissão Política Nacional do CDS-PP
Manda o mais elementar bom senso que, imediatamente após um choque emocional, não se tome, de forma imponderada e apressada, qualquer decisão importante e, em particular, aquelas que possam ser irreversíveis. O que vale para as pessoas, individualmente, aplica-se de igual modo às organizações.
O ambiente de consternação, tristeza e desânimo que se vive no CDS, resultante da perda de representação na Assembleia da República, aconselha a que se inicie, o quanto antes, uma alargada e profunda reflexão sobre as opções que foram sendo tomadas que conduziram à perda de sucessiva de votos a cada eleição legislativa desde 2011; se faça uma análise da situação económico-financeira e patrimonial; e seja completado o levantamento dos autarcas eleitos pelo CDS-PP em 2019; para que então se possa apontar caminhos e soluções para o futuro, no curto e no médio prazo.
Essa reflexão que se impõe, obriga ao envolvimento de todos os órgãos e estruturas políticas do Partido.
Não favorece a esta reflexão as reacções extemporâneas e públicas com decretos de vida ou de morte, sobretudo as sentenciadas por vários daqueles que no passado desempenharam ou desempenham no presente funções da maior responsabilidade, pela perturbação que induz a um ambiente, já de si, turbulento e incerto.
Recomendaria, com a maior brevidade possível, a convocação do Senado, onde têm assento os cinco antigos Presidentes do CDS, nomeadamente o Prof. Adriano Moreira, o Prof. Manuel Monteiro, o Dr. José Ribeiro e Castro, o Dr. Paulo Portas e a Dra. Assunção Cristas, e inúmeros antigos dirigentes e militantes de longa data que reúnem conhecimento, experiência e saber insubstituíveis.
Recomendaria que fosse convocada uma Convenção com todos os Presidentes de Câmara e Veredores do CDS-PP, em reconhecimento pelo seu papel fundamental e necessidade do seu envolvimento e empenho na construção de um caminho de futuro.
Tal como prevêem os Estatutos do Partido, é também a hora de ouvir os militantes. Reúnam-se as Assembleias Plenárias Concelhias e em seguida as Assembleias Plenárias Distritais. Para que tal possa decorrer num ambiente de normalidade, suspendam-se todos os processos electivos.
Registem-se análises, colham-se opiniões, apontem-se propostas e soluções.
A auscultação de todos, com tempo suficiente, de forma serena e (na medida do possível) desapaixonada, é indispensável para um “processo de luto” maduro e saudável, que todos nós – que gostamos e sofremos pelo CDS – precisamos de fazer e ultrapassar.
Depois então, venha lá a convocação do Congresso Nacional electivo que todos desejamos, já com as cabeças e corações devidamente ordenados e pacificados, com as ideias claras e a necessária determinação para o combate político, por uma nova fase da vida do CDS ao serviço de Portugal.
Venha quem vier a liderar o CDS, terá um desafio de grande monta e com pouca margem para erros, pelo que só terá a ganhar se dispuser de toda a informação necessária e o envolvimento militante na construção de um programa de reestruturação organizacional, estatutária, logística e financeira, e de adaptação à nova conjuntura política.
«Depressa e bem, não há quem.» – ditado popular
O autor não reconhece o AO 1990.
5 de Fevereiro de 2022