Uma missão arqueológica egípcio-italiana descobriu recentemente uma grande tumba familiar com múmias bem conservadas com dois mil anos, escondida debaixo de um "intrigante lugar de culto”, completamente isolado, no Egito.
Esta é a primeira estrutura do género a ser encontrada na antiga necrópole que rodeia o mausoléu de Aga Khan. A equipa tenta agora descobrir a ligação entre as duas construções e a importância da segunda no complexo do cemitério, que se espalha sobre uma vasta área na margem oeste da primeira catarata do rio Nilo.
Para os arqueólogos, a descoberta foi uma “grande surpresa”. Antes de iniciar a sua última missão na área no ano passado, estes decidiram concentrar os seus esforços numa estrutura de três paredes que, vista em imagens de satélite, parecia uma tumba diferente de qualquer outra escavada anteriormente.
Foi durante a própria escavação que os investigadores começaram a encontrar um grande número de fragmentos cerâmicos, restos de frutas e lajes inscritas em hieróglifos que recobriam uma das paredes da estrutura – o que sugeria que estavam diante do primeiro lugar de culto encontrado na necrópole.
Uma das “chaves” foi o grande número de ossos de animais, principalmente carneiros, que também foram desenterrados. O deus Khnum com a cabeça de carneiro, foi objeto de um importante culto em Aswan.
O “segundo golpe de sorte” veio durante a escavação desta primeira construção: uma parte do piso no interior estava ligeiramente partida, e foi justamente lá que os arqueólogos descobriram escadas que levavam a uma grande tumba subterrânea.
"Agora estamos a estudar para saber se o local de culto era apenas para aquele túmulo – o que provavelmente não é o caso – ou se era um local de oferendas para um conjunto de túmulos", explicou Patrizia Piacentini, professora de arqueologia egípcia da Universidade de Milão e uma das chefes da missão, ao El País.
“A escadaria do local, parcialmente ladeada por blocos esculpidos e coberta por uma abóbada de adobe, desce até à porta do túmulo familiar, que estava fechada por um complexo sistema de lajes de pedra e blocos levantados na própria escada”, explicou. Em frente a essa abertura, os arqueólogos também encontraram um grande vaso de oferendas que, embora parcialmente quebrado, ainda continha os restos de uma espécie de figo.