Passados 139 anos, La Sagrada Familia, em Barcelona, ainda permanece inacabada. Contudo, os planos para finalizar a obra – naquele que é Património Mundial da UNESCO – pode acabar por se revelar um grande desafio e, ao mesmo tempo, colocar em perigo alguns moradores da cidade.
Com prazo até 2026, e usando os planos arquitetónicos originalmente elaborados pelo seu criador, Antoni Gaudí, a construção pode envolver o despejo de até 15 mil moradores que vivem na área.
A verdade é que, durante a última década, a construção da basílica atingiu uma velocidade sem precedentes e o intuito seria terminar a obra-prima ‘art nouveau’ até 2026, de maneira a comemorar o centenário da morte de Gaudí.
Com o fim da pandemia da Covid-19 à vista, a data exata de conclusão permanece, contudo, incerta.
A nova torre, que foi a primeira a ser concluída desde 1977, é também a primeira das seis torres principais da gigantesca basílica. Os responsáveis pela construção estabeleceram para este ano um calendário de obras que, se tudo correr como o previsto, terminará as duas torres dos evangelistas Lucas e Marcos e acrescentará três novos níveis superiores à torre principal de Jesus Cristo.
Contudo, a retomada da construção da fachada da Glória, dedicada à ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, já tem causado contestação, pois entra em conflito direto com centenas de moradores que moram do outro lado da estreita rua Mallorca. Porquê? Construir a escada planeada pode significar a demolição de inúmeros prédios, levando a que milhares de pessoas sejam deslocadas e forçadas a mudar-se para outro lugar. Além disso, no planeamento urbanístico da cidade, os quarteirões em questão estão designados como “áreas verdes”.
Em declarações à Euronews, Salvador Barroso, o presidente da associação “Pessoas Afetadas pela Construção da Sagrada Família”, alertou que dois quarteirões inteiros – que abrigam mais de 3 mil casas – podem ser demolidos e 15 mil moradores despejados.
Já o arquiteto-chefe da Sagrada Família, Jordi Fauli, garantiu que o trabalho de construção “é baseado nos modelos de gesso do arquiteto e nas fotos e publicações de seus desenhos originais”, que foram destruídos num incêndio na década de 1930.
“Não há soluções mágicas aqui. Não achamos que para terminar a basílica todos os edifícios envolvidos devam ser demolidos, mas também achamos que não é provável que todos os edifícios sejam salvos”, adiantou Janet Sanz, diretora da câmara de Barcelona para ecologia, urbanismo, infraestrutura e mobilidade.