O Ministério Público de Roterdão pediu seis anos de prisão para Ângela Berreto, a luso-holandesa de 26 anos acusada de colaborar com o Estado Islâmico. A mulher está acusada de crimes como recrutamento de jovens e tráfico de armas.
A acusação considera que a mulher, que viveu no califado e foi casada com três líderes do Estado Islâmico, entre eles os portugueses Fábio Poças e Nero Saraiva, foi responsável por convencer jovens holandeses a juntarem-se ao grupo terrorista.
"Contribuiu para a morte de muitas vítimas que foram brutalmente assassinadas e permaneceu no califado", disse o promotor público no tribunal de Roterdão durante o julgamento, na sexta-feira, em declarações reproduzidas pelo jornal De Telegraaf. A sentença vai ser conhecida dentro de 15 dias e o procurador pede seis anos de prisão.
"Era uma verdadeira mulher do EI e a organização, implacável, contava com ela", disse o promotor, reiterando que a mulher não estava iludida e que trabalhou ativamente com os terroristas.
Já esta ripostou e disse que se distanciava "completamente do EI" e que acha "terrível o que eles fizeram".
"Estou envergonhada e peço desculpa a todas as vítimas. Sinto-me muito mal", acrescentou.
O tribunal não está convencido do arrependimento de Ângela, apesar de esta se ter apresentado em tribunal de forma inocente, dizendo que tentou regressar quando percebeu que a vida de aventura não passava de uma ilusão, refere o mesmo jornal.
Segundo Jeffrey Jordan, o advogado da jovem, Ângela vivia "num mundo de sonhos", evocando uma juventude difícil, cheia de miséria e com passagem por instituições juvenis. "Ela não se radicalizou", garantiu a defesa.
Ângela, de 26 anos, viajou para a Síria, em 2014, quando tinha apenas 18 anos. Lá, casou-se com um português do Estado Islâmico, que conheceu na Internet, Fábio Poças. Com a morte deste, 'passou' para outro marido e, mais tarde, para um terceiro, Nero Saraiva. Este último está detido numa prisão do Iraque.