Autoridades internacionais colaboram com PJ na investigação ao ataque informático à Vodafone

Recorde-se que a Vodafone confirmou esta terça-feira que foi alvo de um ciberataque “deliberado e malicioso com o objetivo de causar danos e perturbações”, na noite de segunda-feira. O diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ diz que “um dos grandes objetivos da investigação é precisamente perceber a motivação que está subjacente ao ataque”. 

Notícia atualizada às 21h02

A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar o ataque informático de que foi alvo a operadora de telecomunicações Vodafone com a ajuda das autoridades internacionais.

Em comunicado, esta terça-feira, a PJ indica que a “dimensão global do ciberespaço tem potenciado o aumento deste tipo de ataques que, em regra, assumem uma dimensão internacional”. “A Polícia Judiciária desencadeou de imediato contacto com as suas congéneres, em sede de cooperação policial internacional, no intuito de recolher mais e melhor informação”, lê-se.

Tal como já tinha sido noticiado, a autoridade confirma que, na sequência do ataque informático, “iniciou desde logo uma investigação criminal tendo em vista o apuramento da autoria do crime e seus efeitos colaterais”.

“Em estreita articulação com a operadora de telecomunicações, a Polícia Judiciária está a envidar esforços na recolha de indícios e indicadores de compromisso que permitam avaliar e conhecer a origem, a extensão e motivação do ato criminoso”, indica.

“Como tem vindo a ser noticiado, subsistem algumas dificuldades da operadora na prestação dos seus serviços, havendo ecos de alguns constrangimentos tanto no setor público como no privado. Da informação disponível, estas dificuldades estão unicamente relacionadas com esta situação concreta da operadora de telecomunicações e não com outros alvos ou ataques informáticos”, refere a mesma nota.

Após a divulgação do comunicado, o diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ, Carlos Cabreiro, prestou declarações à comunicação social, na sede em Lisboa, ao indicar que este é um crime "em que naturalmente, e num primeiro momento, não é possível de forma muito concreta e com pormenores dizer o que está subjacente à sua motivação", explicou, acrescentando que "os primeiros momentos deste tipo de ações criminosas são sempre importantes".

Carlos Cabreiro notou a importância de existir uma "articulação bastante forte entre o que é a componente técnica de obtenção de registos relacionados com o ciberataque", para ser descoberto o seu autor, indicando ainda que "um dos grandes objetivos da investigação é precisamente perceber a motivação que está subjacente ao ataque, recolher provas", bem como chegar a "uma perspetiva da reposição da informação das empresas que são vítimas e apurar se alguma informação confidencial ou dados pessoais possam ter sido expostos ao exterior das instituições".

Quanto à colaboração com as autoridades internacionais, Carlos Cabreiro afirmou que esta é "uma realidade global, não é exclusiva a Portugal. Estes ciberataques estão a acontecer com alguma regularidade por todo o mundo".

O diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ destacou tanto a relevância da componente internacional como interna, dado que "este trabalho é feito em colaboração estreita com parceiros muito próximos", apontou, referindo-se ao serviço nacional de cibersegurança – que recebe e avalia estes incidentes – e aos serviços de informações – que analisam a ameaça e "recolhem informações que possam por em causa o Estado português".

Recorde-se que a Vodafone confirmou esta terça-feira que foi alvo de um ciberataque “deliberado e malicioso com o objetivo de causar danos e perturbações”, na noite desta segunda-feira.

A operadora afirma que, até à data, não existem “quaisquer indícios de que os dados de Clientes tenham sido acedidos e/ou comprometidos”, mas que a investigação do ato criminoso ainda se irá “prolongar por tempo indeterminado e com o envolvimento das autoridades competentes”.