Nove anos a levar alegria nos momentos difíceis

A Palhaços d’Opital, a associação apadrinhada por Ruy e Paula de Carvalho que procura levar sorrisos e alegria aos hospitais de Norte a Sul do país, cumpre nove anos. Presente em sete hospitais, a associação dedica-se ao cuidado dos mais velhos.

Fundada a 12 de fevereiro de 2013 por Jorge e Isabel Rosado, a Palhaços d’Opital cumpriu ontem nove anos de existência. Nove anos de dedicação aos mais velhos, inovando na aplicação da receita dos ‘Doutores Palhaço’ (palhaços profissionais que fazem visitas a doentes em hospitais). E são sete os hospitais parceiros (seis na região Centro e um na região Norte), onde os seis Doutores Palhaço, e os 14 colaboradores e parceiros da associação se dedicam a procurar trazer sorrisos e alegrias nos momentos difíceis.

Jorge e Isabel Rosado explicam que a sua associação foi «pioneira na Europa ao levar a arte e o trabalho dos Doutores Palhaço para um público adulto, e em particular para os mais velhos». Desde 2013, a Palhaços d’Opital «já fez mais de 600 visitas, passou mais de 3050 horas em ambiente hospitalar e em 2021 chegou nas redes sociais a mais de 600 mil pessoas».

Na altura da sua fundação, no Centro Hospitalar Baixo Vouga, em Aveiro, a associação contava com apenas dois Doutores Palhaço, um número que entretanto aumentou para seis, ao qual se junta uma equipa de 14 colaboradores. Isto para não contar com os seus padrinhos – Ruy e Paula de Carvalho – e os inúmeros embaixadores: entre eles Pedro Abrunhosa, Nilton, Linda Pereira, Sandra Jorge e Sónia Santos. 

Amor à profissão

O início deste projeto foi tudo menos espontâneo. Afinal de contas, Jorge Rosado é palhaço profissional há 18 anos e encontrou o amor pela arte do Doutor Palhaço em Coimbra, onde começou por colaborar com a Acreditar Coimbra, uma associação de apoio a crianças com cancro.

Motivado pelo amor por esta atividade, e pela procura de ajudar aqueles que enfrentam difíceis doenças, o fundador da Palhaços d’Opital decidiu avançar com o seu próprio projeto. Para isso chamou Isabel, sua «principal apoiante», a juntar-se a ele.

«Quando começámos a ‘desenhar’ o projeto, percebemos que os hospitais são um mundo onde a maioria das pessoas tem mais de 18 anos. E quantos mais contactos fazíamos mais nos apercebíamos que a sociedade está muito mais desperta e sensível para a causa das crianças, mas que efetivamente são os mais velhos que têm internamentos mais prolongado, e que estão mais abandonados e sozinhos nos hospitais», explica o casal, acusando o facto de, mesmo nove anos depois da fundação da Palhaços d’Opital, «a maioria das pessoas continuar a atribuir o trabalho de Doutor Palhaço à faixa etária infantil».

«Os dados comprovam que os benefícios da Alegria, do Humor e dos Afetos são para todas as idades», defendem, contando que o efeito positivo é tal que há utentes que querem marcar as consultas e os tratamentos no dia da visita dos Doutores Palhaço.

Nove anos de atividade

Ao longo dos anos, a Palhaços d’Opital estendeu-se de Aveiro para Coimbra, Viseu, Figueira da Foz e Matosinhos, num crescimento que, apesar de nem sempre ser fácil, tem valido sempre a pena. «Os primeiros cinco anos foram de crescimento interno, e os últimos dois anos, com apoio de fundos europeus que permitiu a profissionalização de toda a equipa, apesar de todas as condicionantes, foram mágicos», revelam Isabel e Jorge Rosado.

A pandemia, por sua vez, veio colocar um entrave no trabalho da associação, mas a criatividade serviu para ultrapassar os obstáculos. «No início de março de 2020, a DGS suspendeu as visitas presenciais aos nossos hospitais parceiros. Criámos o nosso canal no YouTube, o d’Opital TV, e, em abril de 2020, iniciámos um projeto piloto com o IPO Coimbra em que os nossos vídeos passavam nos televisores das salas de espera. Correu tão bem que a meio de abril demos a conhecer o nosso canal a todos os hospitais públicos e privados e a todas as instituições nacionais que trabalham com os mais velhos», conta a equipa fundadora.

Agora, o projeto continua motivado pelo impacto junto dos utentes e dos seus familiares, mas também pela «vontade de contribuir para uma mudança nos valores da sociedade». Os testemunhos daqueles que a Palhaços d’Opital apoia, «os rostos mudados, as canções partilhadas, os poemas trocados, as gargalhadas soltas, o brilho nos olhos de quem há tanto se sente só e por momentos se sente acolhido» são os principais fatores de motivação.
Padrinhos babados

A Palhaços d’Opital é apadrinhada pelo ator Ruy de Carvalho e pela sua filha Paula. Ambos são devotos do projeto, conta o ator à LUZ, confessando que «só podia acabar assim, como Padrinho desta associação», já que «há anos» que anda a falar da «importância de olharmos para os mais velhos, com mais amor e respeito». «Posso dizer, pelos dois, que somos uns Padrinhos muito orgulhosos. A Palhaços merece todo o nosso empenho e ajuda na divulgação, para chegarmos muito mais longe», diz Ruy de Carvalho, aludindo ao facto de a associação o ter convidado junto da filha para apadrinhar o projeto. E foi mesmo «amor à primeira vista», diz Paula de Carvalho. «Um projeto que tem por objetivo dar alegria aos mais velhos em ambiente hospitalar só podia ser bom», defende. No seu entender, «o mais importante é a forma como se preocupam com o bem estar dos mais idosos, em meio hospitalar». Uma visão partilhada pelo pai, que quer ver o projeto chegar «bem mais longe, a todo o país, para animar todos os doentes deste país». A missão, no entanto, ainda não está cumprida, mas pai e filha prometem a continuidade do apoio dado nos últimos anos.

Tanto Ruy como Paula de Carvalho partilham histórias que ficaram das visitas com a Palhaços d’Opital: «Fui muito acarinhado, quando era eu que estava ali para as acarinhar», recorda o ator. «Poder ver a sua felicidade, mesmo com dores, no físico e na alma, porque muitos também sofrem por não ter as famílias com eles, é algo que não se esquece».