Educação, Escola e Professores

Num tempo e discurso centrados na Economia e num sistema produtor e acelerador de desigualdade social, reconheçamos  que, apesar do enorme progresso nas últimas cinco décadas, é na Educação que encontraremos a causa primordial da menor produtividade do país

Por Jorge Proença

Diretor da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona 

Realizadas as eleições e em vias de terminar a pandemia  regressemos ao essencial: a Educação, a Escola e os Professores. Quase silenciada durante a campanha eleitoral, apesar dos danos e consequências de isolamentos sem conta, dos medos acumulados e distanciamento normalizado, com a morte banalizada e a vida adiada, é urgente recuperar (algum) do tempo perdido e olhar para a Educação como o fator determinante do que somos; individualmente e como sociedade.

Num tempo e discurso centrados na Economia e num sistema produtor e acelerador de desigualdade social, reconheçamos  que, apesar do enorme progresso nas últimas cinco décadas, é na Educação que encontraremos a causa primordial da menor produtividade do país, quando comparada com a generalidade dos países europeus, incluindo os que mais recentemente aderiram à União Europeia.

É nestes momentos de esquecimento ou deliberada subalternidade do essencial  que lembro  a afirmação, em finais do séc. XIX, do fundador do Movimento Olímpico: «…a maioria das grandes questões  nacionais reduzem-se a uma só questão educacional, sobretudo nos países democráticos. É preciso procurar sempre na Escola e na Universidade o segredo da grandeza ou decadência da democracia».

Apesar desta evidência histórica reconhecida e, de modo especial, sentida  por todos os que  à Educação consagram a sua vida; apesar das consequências do isolamento e medo pandémicos – com particular incidência no atraso e dificuldades de aprendizagem entre os mais desfavorecidos, em todos os níveis de escolaridade –, foi publicado, em setembro de 2020, um documento da OCDE (Back to the Future Education – four scenarios for schooling) perspetivando a aceleração no uso de meios informáticos, do ensino à distância,  da progressiva mudança na função do Professor e, até, da instituição escolar. A apologia das novas tecnologias, a inteligência artificial, a robotização no ensino conduzirá, paradoxalmente, a maior isolamento social e à consequente redução/eliminação da função do Professor e da Escola como instituição fundamental de aprendizagem e desenvolvimento humano, promotora de inclusão e socialização. Será este o caminho do futuro? 

Quaisquer que sejam os meios e métodos, importa reconhecer a função vital da Educação, da Escola e do Professor no progresso da Humanidade, na saúde e qualidade de vida,  na redução da criminalidade,  corrupção e conflitos pessoais e sociais, no desenvolvimento e realização de todas as pessoas. No instante das decisões, importa ter bem presente que o mais rentável investimento é na Educação, na Escola e nos seus fundamentais protagonistas – os Professores.