Embora as sondagens eleitorais não sejam infalíveis, como já ocorreu no Brasil, Portugal e França, quando são de várias origens e encomendadas por entidades responsáveis devem ser consideradas. No Brasil, as mais recentes foram contratadas por dois bancos relevantes, XP e Modal, e pela revista Exame. Todas colocam o Presidente bem abaixo de Lula da Silva. E todas mostram que é relevante o percentual dos que não querem votar em nenhum dos dois. Está aí a equação, pois, se algum novo nome conseguir chegar à segunda volta, vence tanto de Lula, como de Bolsonaro.
Um dos problemas de Bolsonaro é a insistência no negacionismo em relação à pandemia, quando já são 650 mil os mortos e os óbitos diários voltaram a ficar em torno de mil por dia. Mas ele insiste. E, segundo informa o jornal O Globo, ao ser aconselhado a esquecer o assunto, o Presidente não teria gostado.
As pesquisas registradas na Justiça eleitoral são de três diferentes empresas do ramo. E circula em Brasília que o Presidente está nervoso, pois os militares andaram atuando na área e os resultados são os mesmos.
Bolsonaro afronta equipe económica.
O ministro Paulo Guedes pode ter chegado ao limite da solidariedade ao Presidente e da paciência com intervenções nos rumos da economia. O Presidente parece ter perdido os limites no uso temerário do poder de gastar. Os mercados ainda se mostram mais indiferentes, com certa calmaria na bolsa e no câmbio. Mas acredita-se que tudo esteja por um fio.
Diante do veto da equipe económica à retirada de impostos sobre combustíveis, que resultaria, neste ano, em aumento de 5% da dívida pública e um rombo nas contas de 15 mil milhões equivalentes de euros, a proposta surge no Senado. E com apoio de um dos filhos do Presidente, o senador Flávio Bolsonaro, e outros aliados do governo, configurando uma operação para contornar o veto da equipe económica, em manobra ridiculamente primária.
Sem experiência no setor público, vitorioso em sua passagem pelo mercado financeiro, Guedes é um homem rico e provoca perplexidade nos operadores do setor privado por aceitar o crescente desgaste. Bolsonaro insiste em dar vantagens ao funcionalismo e promete ampliar a carteira de financiamentos dos bancos oficiais. Como a eleição é em outubro, o caos, via inflação, juros altos, desvalorização da moeda, pode ocorrer até final do semestre, mudando o quadro eleitoral. Lula só tem chance se tiver Bolsonaro na segunda volta. Por isso uma alternativa pode surgir e não será o ex-juiz Moro.
Tudo pode acontecer nas próximas semanas!
Variedades
• A WEG, uma multinacional brasileira, com relevância no mercado americano, anunciou mais uma fábrica em Portugal, onde já se encontra em Santo Tirso e na Maia. Vai fabricar motores elétricos de maior porte e concentrar a indústria em Santo Tirso, onde começará a construir mais 22 mil metros de galpão.
• Pernambuco resolveu não ter Carnaval. O do Recife é com o de Salvador, dos mais movimentados do Nordeste.
• As emendas parlamentares, muito criticadas nos grandes centros, são fundamentais para os pequenos municípios, que precisam de recursos diretos nas emergências. O sul do Brasil, que teve problemas com seca, sofre muito este ano. O pequeno município de Colina, por exemplo, conseguiu furar poços em pouco tempo graças a emenda do deputado Pedro Westphalen. O parlamentar é ligado à comunidade luso-brasileira gaúcha e tem dois filhos morando em Portugal.
• Curiosidades da semana: clima tenso na política e na economia, mas o real se fortalece diante do dólar e do euro; e dois ministros da Suprema Corte levam convite para a posse de nova direção do Tribunal Eleitoral e são friamente recebidos pelo Presidente da República em audiência que durou nove minutos.
• Vereador do PT de Curitiba, no Paraná, comanda invasão de igreja durante missa e promove protesto antirracista em função de um crime ocorrido no Rio de Janeiro, em que morreu um refugiado do Congo. O templo do século XVIII e de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
• Os aeroportos do Rio, Galeão e Santos Dumont serão leiloados juntos e não será este ano. A CHIANGI operadora do Galeão devolveu a concessão pelo desequilíbrio económico-financeiro não reconhecido pela agência reguladora. Mais um motivo para desconfianças do mercado em relação ao Brasil.
• A apreensão de drogas tem crescido muito e são logo incineradas. Nas últimas a semanas mais de tonelada e meia apreendida. No Rio a operação policial acabou com oito marginais mortos.
• Bolsonaro estaria com dificuldades em conseguir um companheiro de chapa. Não aceita indicação dos partidos.
Rio de Janeiro, fevereiro de 2022