A Cáritas Europa desenvolveu o Relatório Europeu sobre a Pobreza 2021 (CARES), documento que mostra que a pandemia agravou muito a situação de quem já estava em risco de exclusão anteriormente. Neste sentido, ontem, o presidente da Cáritas Europa destacou que “a economia tem de servir as pessoas, não o contrário”, classificando que “proteger a dignidade do trabalho, num mercado inclusivo e uma economia centrada no homem” é urgente.
Michael Landau falava em Bruxelas, na apresentação do documento referido, sendo que os trabalhadores mais afetados desde o surgimento do novo coronavírus são os migrantes, as mulheres, os jovens trabalhadores, os portadores de deficiência e os ciganos, assim como os prestadores de cuidados.
“Precisamos de estar vigilantes e preparados, porque para algumas destas pessoas o pior ainda pode estar para vir, quando as economias que fizeram acabarem, o custo de vida e da energia aumentarem, ou acabar o período de desemprego”, afirmou. “Para quem já vinha de um contexto desfavorável, e estava em situação difícil antes da Covid, o desafio ainda é maior”.
“É vital providenciar soluções europeias, não apenas nacionais”, avançou, adiantando que “as Cáritas têm estado focadas em dar resposta às necessidades mais urgentes, que passam quase sempre pelo apoio alimentar, alojamento, pagamentos de rendas e despesas de casa”. Porém, “esta ajuda sozinha não será suficiente para garantir a solidariedade que é preciso. As pessoas estão a sofrer e é preciso garantir-lhes proteção social”.
Em relação a Portugal, no relatório é realçado que os prestadores de cuidados, maioritariamente “não qualificados”, são reconhecidos como indispensáveis, mas auferem salários reduzidos. Por outro lado, é recomendado ao país que os trabalhadores mais vulneráveis possam ter mais garantia de emprego e um “salário mínimo adequado” para que sejam capazes de enfrentar as despesas.