Temos vindo a assistir a uma banalização anormal da violência seja por meios televisivos, em que tudo é desculpável e tudo menos pedagógico, seja pelo que se passa atualmente nas escolas, com casos e casos de bullying escolar. Tem sido alarmante ver até onde vai essa banalização, se por uma lado a televisão só tem o objetivo de ‘entreter’, por outro as escolas não reconhecem o bullying escolar nos seus recreios e são as vítimas do mesmo fenómeno que têm de mudar de escola em escola, até não serem perseguidas, ou até não se suicidarem, por não se identificarem com o corpo onde nasceram, como aconteceu com a Rose que se atirou de uma ponte, após ser continuamente gozada. Claro, que esta banalização também começa primeiramente em casa, quando os progenitores e progenitoras acham que é mais rápido educar com um estalo ou uma chapada do que conversarem com os seus filhos, isto porque a nível de gerações os seus pais, os educaram assim. Não existia permissão para responder de forma mal educada, sem levar um estalo, e é normal que os filhos reapliquem o comportamento dos pais, nos agora, seus próprios filhos. No entanto, médicos, associações, e pediatras de renome são contra a chamada ‘palmada pedagógica’ pela humilhação, baixa autoestima e todas as vertentes que isso causa nas crianças negativamente, que mais tarde se vai traduzir em violência e para educar os seus filhos vão reaplicar este mesmo padrão.
No dia 22 de fevereiro de 2022, o Instituto de Apoio à Criança, lançou uma campanha de um ano, para nos sensibilizar a todos exatamente para este tema, para uma consciência da violência e da sua banalização contra as crianças, a todos os níveis. Não acho que seja só pela parte da palmada pedagógica, mas uma campanha que acaba por sensibilizar de todas as formas de violência para com a criança, de uma forma muito mais alargada.
Sendo um dever de todos, estar na linha da frente desta luta, acho que um ano não a torna morosa, mas consciente, reparadora, dos tempos difíceis que temos vindo a viver e relatar com a banalização da violência. Mais uma vez, isto não é um papel de apenas alguns, mas de todos. Seremos todos mais conscientes, ativos e felizes se as nossas crianças estiverem protegidas dos maus tratos, da violência e das ditas ‘palmadas pedagógicas’ que não as apoiam mas as destroem.