O governo de Maiorca acabou de descobrir os restos de um barco que afundou há cerca de 1.700 anos e que transportava azeitonas, vinho e azeite, entre outro tipo de mercadorias.
De acordo com os responsáveis pela descoberta, é possível que o naufrágio do navio que fazia o trajeto entre Itália e Espanha, tenha acontecido no decorrer de uma tempestade.
Até ao mês passado, parte do conteúdo do navio de mercadorias permaneceu intacto, de forma “espantosa”, apesar de a mercadoria estar apenas a 2 metros de profundidade.
Os investigadores destacam que o tesouro “tem estado durante todo este tempo acessível a inúmeros turistas que frequentam a praia”.
Além de recipientes de barro que se calcula que serviriam para guardar os alimentos transportados, os especialistas encontraram ainda um sapato de couro, outro de corda, uma panela, uma lamparina e apenas a quarta broca de carpinteiro romano recuperada na região.
Após a descoberta, o Conselho Insular de Maiorca – instituição que governa a ilha – reuniu uma equipa de arqueólogos e especialistas marinhos para que estes realizem o projeto “Arqueomallornauta”, com uma duração de três anos.
Segundo Miguel Ángel Cau, arqueólogo da Universidade de Barcelona, o “fator mais surpreendente acerca do barco” é a qualidade de preservação que demonstra. O especialista acrescenta ainda que o material em que foi construído é “madeira na qual podemos bater e soa à do dia de ontem”.
Por sua vez, Jaume Cardell, chefe de arqueologia do Conselho, sublinha que “o objetivo é preservar tudo o que está lá e toda a informação que contém, e isso não poderia ser feito numa única intervenção de emergência”. “Não se trata apenas de Maiorca; em todo o Mediterrâneo ocidental há muito poucos naufrágios com uma carga muito singular”, reforçou. Segundo o mesmo “a ideia é recuperar o casco”. “Estamos em contacto com especialistas nacionais e internacionais para garantir a recuperação adequada”, revelou.
Darío Bernal-Casasola, arqueólogo da Universidade de Cádiz, sublinha ainda que “não há barcos romanos completos em Espanha” e que esta descoberta é vital “em termos de arquitetura naval”, uma vez que há muito “poucos barcos antigos tão bem preservados” como este.