Num claro sinal da grande divisão que se vive na extrema-direita francesa, Marion Marechal Le Pen, sobrinha da líder do partido Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, revelou que não irá apoiar a sua tia nas eleições presidenciais, que irão decorrer em abril do presente ano, mas sim o seu rival, Eric Zemmour, do partido Reconquista.
“Existe um grande, movimento nacional por de trás da nossa candidatura”, justificou-se Marion Marechal, neta de Jean-Marie Le Pen, uma das principais figuras da extrema-direita francesa, fundador da Frente Nacional e pai de Marine Le Pen, durante um comício na cidade de Toulon.
Marion, de 32 anos, afirmou que partilhava a visão de Zemmour de que o seu país está a enfrentar uma “batalha de civilizações”, citando questões como a “migração, cultura e demografia”, disse à revista Valeurs Actuelles, durante o comício.
Depois de no final de janeiro Marion revelar que estava dividida em que candidatos iria apoiar, a francesa confirma agora a sua posição, o que representa um novo fôlego para a campanha de Zemmour, que começava a afundar nas sondagens publicadas pelos meios de comunicação deste país.
Contudo, esta não é a primeira deserção do Reagrupamento Nacional, em janeiro, os eurodeputados Gilbert Collard e Jérôme Rivière, eleitos pelo partido de Marine Le Pen anunciaram que se juntavam a Zemmour, com Collard a tornar-se mesmo porta-voz do candidato, enquanto, em fevereiro, o ex-porta-voz da candidata de extrema-direita, Nicolas Bay, revelou que, agora, é apoiante do seu rival.
Mas esta mais recente “traição” é a que custa mais a Le Pen. “Se eu disser que isso não afeta, ninguém vai acreditar em mim. Tenho uma história particular com Marion porque a criei com a minha irmã e é algo brutal, violento. É muito difícil”, afirmou a líder do Reagrupamento Nacional ao canal de televisão CNews, no final de janeiro, quando surgiram as primeiras notícias de que a sobrinha poderia estar prestes a juntar-se à “oposição”.
O que dizem as sondagens? Depois do atual Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado a sua candidatura oficial às eleições presidenciais, no final da semana passada, este foi apontado como o principal favorito a vencer e a conquistar um novo mandato.
A ajudar a recandidatura de Macron está a forma como o Presidente está a lidar com a invasão da Rússia à Ucrânia, enquanto se tenta assumir como um interlocutor da Europa com o Presidente russo, Vladimir Putin, tendo-se reunido e conversado por diversas vezes com o líder do Kremlin.
As sondagens do Instituto Ipsos-Sopra Steria indicam que Macron, pela primeira vez, tem mais de 30% da intenção de voto (30,5%), mais do dobro de Le Pen, 14,4%, a candidata que é apontada como a mais provável de ficar em segundo lugar.
Em relação aos candidatos de extrema-direita, que no início de março, depois de alguma incerteza, apresentaram as assinaturas necessárias para validar as suas candidaturas, é esperado que a grande divisão entre Le Pen e Zemmour (que surge com 13% da aprovação dos eleitores) enfraqueça a posição destes concorrentes e garanta ainda mais votos a Macron.
Além destes três candidatos, surgem ainda Jean-Luc Melenchon, com 12%, líder do partido França Insubmissa, associado à esquerda radical, e Valerie Pecresse, candidata do partido Soyons Libres de uma direita mais tradicional.