Orban apoia campanha de Marine Le Pen

Um banco com ligações ao PM húngaro emprestou 10 milhões de euros  ao partido de Le Pen.

A candidata de extrema-direita Marine Le Pen recebeu um empréstimo de cerca de 10,7 milhões de euros do banco húngaro MKB, cujo maior acionista é um associado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.

O dinheiro foi entregue à candidata do partido Reagrupamento Nacional para utilizar na sua campanha para as eleições presidenciais francesas, onde, pela terceira vez, tentará chegar ao lugar mais alto da nação francesa.

O financiamento, que foi tornado público nesta quinta-feira, uma vez que todos os candidatos presidenciais devem apresentar aos reguladores todos os seus bens pessoais e dívidas, é uma grande ajuda para o partido da candidata de extrema-direita, uma vez que, historicamente, o partido Reagrupamento Nacional tem tido bastantes dificuldades em conseguir empréstimos junto de bancos franceses, uma vez que as respectivas administrações temem custos reputacionais. 

«É escandaloso que nenhum banco francês nos empreste dinheiro», disse o membro do Parlamento Europeu Thierry Mariani. «Tivemos que recorrer ao estrangeiro para nos emprestarem dinheiro», explicou citado pelo Financial Times.

«Este empréstimo foi obtido num contexto muito difícil, com um endurecimento das restrições das leis de financiamento de campanha e a relutância dos bancos em financiar a vida democrática de nosso país», afirmou o presidente do Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, num comunicado dirigido aos membros do partido, mencionado pela Reuters, numa altura em que surgiram detalhes de um empréstimo de um banco europeu não divulgado no mês passado.

Segundo escreve o Financial Times, a decisão de pedir financiamento ao MKB, o segundo maior banco da Hungria, para a campanha presidencial de Marine Le Pen partiu do círculo íntimo de Orban.

A MKB tem cerca de um terço de propriedade estatal desde uma fusão complexa anunciada no ano passado.

Questionado sobre a influência política desta decisão, o porta-voz de Orban, Bertalan Havasi, disse «Isto são fake news», enquanto um porta-voz do banco se recusou a comentar sobre a lógica dos empréstimos.

Esta ajuda entre partidos de extrema-direita – Orban é líder do Fidesz, partido que lidera a Hungria há mais de dez anos – parece coincidir com a visão de Le Pen, que procura a existência de uma maior aliança entre os vários partidos extremistas da Europa. 

Estes líderes estiveram juntos, em janeiro do presente ano, em Madrid, com a candidata às eleições presidenciais francesas a elogiar a «coragem» do líder húngaro diante da «brutalidade ideológica» da União Europeia.

O empréstimo está listado no formulário de divulgação como tendo um prazo de 16 meses. Le Pen provavelmente poderá pagá-lo assim que os seus custos de campanha forem reembolsados pelo Estado, o que ocorrerá desde que consiga obter 5% dos votos na primeira volta e deposite as suas contas no regulador.

A Hungria também vai a eleições, em abril, e Orbán terá pela frente o seu mais perigoso adversário desde que foi reeleito em 2010: o conservador Péter Márki-Zay, líder conjunto de toda a oposição.