Achei graça que tivesse ganho o Festival da Canção em Portugal, este ano, uma aurora que podia ser minha filha na maneira como estava arranjada, e não parecia obedecer aos clichés seguidistas daquela classe em palco.
Eu não teria votado na canção que ganhou: não me pareceu a melhor música, era cheia de anglicismos, e só a imensa ignorância do júri poderia valorizar como original a palavra ‘saudade’ – que os estrangeiros cá, sabendo que muito a valorizamos, simpaticamente também a valorizam. Mas todas as línguas têm palavras intraduzíveis, e talvez mais significativas.
De resto, a única música de Portugal que ganhou lá fora, era em português, e com boa música.
De qualquer maneira sobra a originalidade, naquele meio, do aspecto das pequenas ganhadoras, embora para o júri em apreço não deva ter sido por isso que venceram. E desta vez, até apareceram outros fora dos clichés do meio, que poderiam ter ganho. Pelo menos, com boas músicas, e bem cantadas.