Kremlin considera ato da jornalista russa que interrompeu emissão estatal como “hooliganismo”

O porta-voz do Kremlin disse que o ato de Marina Ovsyannikova foi “hooliganismo”, um comportamento associado aos atos de vandalismo e violência, sobretudo no futebol. A editora do Channel One, televisão estatal na Rússia, está desaparecida há, pelo menos, 12 horas. 

O Kremlin considerou, esta terça-feira, o ato da jornalista russa, Marina Ovsyannikova, que invadiu a transmissão em direto da televisão estatal com um cartaz contra a Rússia, como "hooliganismo", um comportamento associado aos atos de vandalismo e violência, sobretudo no futebol. 

"No que diz respeito a esta mulher, isto é hooliganismo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência Reuters. 

No entanto, Peskov ainda elogiou o trabalho desempenhado pelo canal estatal Channel One, onde Marina Ovsyannikova era editora, ao destacar as "notícias objetivas e oportunas". "O canal e aqueles que o devem fazer vão investigar a situação", adiantou ainda Peskov aos jornalistas, sem adiantar qualquer pormenor sobre o paradeiro da jornalista. 

Marina Ovsyannikova está desaparecida há, pelo menos, 12 horas. Segundo a organização não governamental (ONG) russa OVD-Info, os advogados da associação de diretos humanos, que estão em contacto com Marina, não sabem qual é o paradeiro da jornalista desde que foi detida.

De acordo com a OVD-info, quase 15 mil pessoas já foram detidas na Rússia durante os protestos contra a guerra instalada na Ucrânia, desde 24 de fevereiro. 

Marina poderá ser punida ao abrigo da nova lei, que prevê penas de prisão até 15 anos, afirmou a agência russa TASS. 

A nova lei foi adotada oito dias depois da invasão da Ucrânia e torna ilegais ações públicas, com o objetivo de desacreditar o conflito impulsionado pelos russos, e ainda proíbe a divulgação de notícias falsas ou a "divulgação pública de informações deliberadamente falsas" sobre a utilização das forças armadas da Rússia.

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