Depois de se ter verificado que os armazenamentos na primeira quinzena de março de 2022 por bacia hidrográfica apresentavam-se inferiores às médias de armazenamento de março (1990/91 a 2020/21), exceto para as bacias do Douro, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), as chuvas fortes que se têm feito sentir podem vir a reverter este panorama.
Já no sábado, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) anunciou que sete distritos do continente estariam, no domingo, sob aviso amarelo devido à previsão de chuva, por vezes forte e acompanhada de trovoadas. Este englobou os distritos de Évora, Faro, Setúbal, Santarém, Lisboa, Leiria e Beja e esteve em vigor entre as 12h e as 18h.
Além dos aguaceiros também esteve prevista a queda de granizo. Por outro lado, os distritos de Faro e Beja estiveram sob aviso amarelo, entre as 8h e as 15h, por causa do vento forte de sueste, com rajadas até 80 quilómetros por hora. Uma situação que se veio a verificar. De acordo com o jornal Sul Informação, só até ao início da tarde de hoje, “a chuva intensa e o vento forte (…) provocaram um total de 26 ocorrências”, segundo fonte do Comando Regional da Proteção Civil. O órgão de informação regional acrescentou ainda que existiu o registo de quedas de árvores, de estruturas e “pequenas inundações” em Portimão, São Brás de Alportel, Loulé, Albufeira e Silves.
Em outras zonas do país, como no arquipélago da Madeira, os ventos fortes condicionaram o movimento no aeroporto do Funchal. Pelo menos quatro voos divergiram e um foi cancelado, avançou a ANA-Aeroportos.
A Proteção Civil registou, até às 17h deste domingo, um total de 96 ocorrências relacionadas com o mau tempo em Portugal continental, inclusive quedas de árvores e inundações. Em declarações à agência Lusa, José Costa, oficial de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), explicou que “foram mobilizados 292 operacionais e 96 meios terrestres”, e salientou que não houve registo de vítimas.
Entre o aumento e a redução do caudal Na sexta-feira, o IPMA esclareceu que, até 15 de março, tinha chovido 87% do valor normal mensal entre os anos de 1971 e 2000, mas março foi o décimo mês mais seco desde 2000. Ainda assim, a chuva que caiu conduziu a um “desagravamento da intensidade da situação de seca meteorológica na região litoral Norte e Centro”, tendo aumentado a água no solo.
Em Trás-os-Montes, na Beira Alta e grande parte do sul, totalizando 77% do território, a “seca severa e extrema” manteve-se, sendo de lembrar que o período entre outubro de 2021 e terça-feira passada foi o mais seco desde 1931.
Se analisarmos o boletim “Disponibilidades hídricas armazenadas em albufeiras – 14 de março de 2022”, da APA, compreendemos que se constatou “o aumento do volume armazenado em 8 bacias hidrográficas e a diminuição em 6” e “das 62 albufeiras monitorizadas, 11 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 12 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total”.
As barragens com caudais mais reduzidos são a do Alto Lindoso (Lima), Vilar-Tabuaço (Douro), Campilhas e Monte da Rocha (Sado) e Bravura (Rib. Barlavento), enquanto aquelas que apresentam disponibilidades hídricas mais elevadas são as de Serra Serrada (Douro), Fagilde (Mondego) e Cova do Viriato (Tejo).
Entre 7 e 14 de março, a maior subida ocorreu na barragem da Caniçada (Cávado) – localizada nos concelhos de Terras de Bouro e de Vieira do Minho – e a maior descida na do Caldeirão (Mondego) – no concelho da Guarda.