Talvez Bruno Nogueira prefira achar-se substituído por excesso de ousadia, do que por falta de graça. Mas onde eu acho que ele falha mesmo é na graça, que não tem muita. Pelo menos, para um grande público de TV generalista, mesmo à meia-noite.
E fica sobretudo mal numa TV que tem o Ricardo Araújo Pereira (RAP), esse, mais engraçado. Parece-me uma graça mais inteligente e ousada. Pelo menos cá em casa faz mais sucesso, e há muita gente a vê-lo, ao contrário de Bruno Nogueira (tive de vê-lo sozinho, já acreditando pouco na sua graça – porque tive e infelicidade de o espreitar num programa anterior – para escrever isto). É preciso ver que os deficientes não têm propriamente graça (e foi lamentável ver BN esforçar-se por não os ofender) o que tem graça são os azares físicos das pessoas normais.
Claro que há coisas em que o RAP também falha, sobretudo nos seus escritos não destinados a serem ditos por ele. Talvez funcione especialmente bem como actor. Há um romancista que eu não aprecio muito, mas que escreve textos pequenos bons nos jornais. Vá-se lá saber como ou porquê. Nem toda a gente tem jeito para tudo. E eu recordo algum programa que vi dos Gatos Fedorentos a que também não achei muita graça. Mas ainda não estavam numa TV generalista. Portanto imagino que teremos BN a insistir algumas vezes. Pode ser que acabe por soltar qualquer coisa melhor – mas não acredito muito nisso.