Os portugueses estão pouco satisfeitos com as estradas nacionais. Esta é a principal conclusão de um estudo levado a cabo pela Deco Proteste, organização de defesa do consumidor, que salientou que a satisfação geral com as estradas portuguesas é baixa (5,6 em 10).
“O estado do piso é o fator que mais influencia a perceção dos condutores e o que obtém a classificação mais baixa (4,6 em 10)”, avançou em comunicado a Deco, adiantando que “quatro em dez inquiridos revelaram insatisfação com o estado das estradas nas localidades”, sendo que “a maioria dos mais desagradados vive em zonas rurais ou suburbanas”.
Por outro lado, aproximadamente um terço dos inquiridos “revelou descontentamento com a coexistência de vários tipos de utilizadores nas vias das localidades” e a insatisfação fez-se sentir mais entre aqueles que vivem em zonas suburbanas.
A17 e A6 conquistam inquiridos, enquanto a1 é a mais usada “Das 36 autoestradas do país, incluímos no questionário as 15 com maior extensão (mais de 50 quilómetros) e que não fossem suburbanas, tendo obtido resultados suficientes para poder avaliar 14 delas”, esclareceu a Deco, deixando claro que a A22, conhecida como Via do Infante “revelou-se como a que menos agrada aos condutores portugueses”. Foi de resto a via que mais tráfego perdeu desde o início da pandemia (dados da Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem), sendo seguida por outras como a A23 (-22%) e a N125 (-18%) no verão de 2020.
E a perceção é mais fraca porque a autoestrada que faz a ligação entre Lagos e a fronteira de Castro Marim/Vila Real de Santo António apresenta “condições do piso” que “não convenceram, o que justifica a apreciação mais baixa entre as 14 autoestradas analisadas: 6 em 10 pontos”.
“O número de zonas de descanso e as obras na estrada, no que toca à velocidade de execução e ao impacto no trânsito, também mereceram uma avaliação baixa”, diz a Deco, salientando que, em contrapartida, a A17 (Entre Marinha Grande e Aveiro) e a A6 (da Marateca até Elvas) estão as estradas com melhor classificação.
Segundo os dados apurados pela DECO, “a sinalização e a largura da via foram os aspetos que mais agradaram aos utilizadores da A17” e “a segurança das curvas, as barreiras laterais e o desenho das entradas e saídas foram critérios também apreciados”, enquanto “a quantidade de zonas de descanso foi o que menos agradou”.
No que diz respeito à A6, “a largura da via foi o aspeto mais valorizado, seguido da segurança das curvas, das condições do piso (trata-se da autoestrada com a apreciação mais elevada neste critério) e das barreiras laterais”.
Goste-se mais ou menos, a A1 ganha a corrida de uso: foi a autoestrada utilizada com mais frequência nos últimos dois anos. “Seguem-se a A8, que vai de Lisboa a Leiria, e a A2, que permite viajar entre a capital e Albufeira, no Algarve, ambas utilizadas por 12% dos participantes no estudo”, destaca a DECO, acrescentando que “a quantidade de zonas de descanso é o aspeto com pior apreciação: 18% dos inquiridos revelaram insatisfação” e “as obras nas vias são outro ponto que suscita crítica, apontadas por 15 por cento”.
“Em termos globais, descobrimos que os critérios que mais influenciam a satisfação com as autoestradas são as condições do piso e o fluxo do tráfego”, conclui a organização que promete intervir “em cerca de 20 grandes áreas da vida dos consumidores através dos seus estudos, testes, análises de produtos e serviços, pareceres técnicos de especialidade e ações reivindicativas”.