Feijóo assume liderança do PP

Depois da controversa saída de Pablo Casado, devido a guerras internas com Isabel Díaz Ayuso, o futuro líder terá a difícil missão de voltar a unir o Partido Popular (PP).

Com a missão de voltar a unir o Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo prepara-se para ser proclamado líder do maior partido da direita espanhola. 

O 20.º Congresso Nacional do Partido Popular (PP), que começou ontem em Sevilha, pretende encerrar uma guerra interna que começou há mais de um mês com o conflito aberto entre a liderança cessante e a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.

O conflito foi desencadeada pelas acusações feitas pela direção do PP de alegada espionagem contra a presidente da região de Madrid, que a equipa de Pablo Casado sempre negou, e dúvidas sobre a exemplaridade de Isabel Ayuso, devido a contratos feitos pelo Governo regional de Madrid que teriam beneficiado o seu irmão.

O novo líder chegou a pedir aos restantes barões populares que indiquem nomes para a sua direção, de maneira a manter a paz, avançou o El País, acabando no entanto por escolher como secretária-geral do partido a sua número dois, Cuca Gamarra. 

A escolha desta antiga presidente da Câmara de Logroño, na comunidade autónoma da Rioja, e porta-voz de Casado, é sinal de uma gestão de continuidade da parte do novo líder popular, que vem de uma fação interna diferente do seu antecessor – o barão galego era próximo da posição um pouco mais liberal de Mariano Rajoy, menos do conservadorismo duro de Casado, que tentava roubar espaço político ao Vox, na extrema-direita.

A escolha de uma velha aliada de Casado é vista como uma forma de diminuir o rancor gerado pela súbita queda de Casado, no mês passado, vista como tendo sido orquestrada por Feijóo. Quando o anterior líder se atreveu a questionar publicamente os contratos públicos suspeitos obtidos pelo irmão da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, Feijóo não hesitou em virar-se contra Casado. Há muito que se falava de um potencial golpe palaciano do barão galego, que rapidamente se aproveitou do choque entre o seu líder e a estrela ascendente do PP, adorada pela base do partido.

A eleição de Feijóo a 21 de março, com uns esmagadores 99,63% dos votos dos militantes, foi apresentada pelo PP como sinal de que as feridas tinham sarado. Outros apontaram que não houve concorrência viável, e que o facto terem votado de menos 21.322 militantes do que nas primárias de há quatro anos mostrou um certo desconforto entre as bases do partido.

Apesar da sua influência, Feijóo fora até aqui obrigado a manter-se à margem, com as suas ambições nacionais prejudicadas pela ligação aos poderosos traficantes de droga da Galiza, em tempos um dos principais pontos de entrada de cocaína na Europa.