Com a polémica da chapada que o ator Will Smith deu ao comediante Chris Rock, na cerimónia dos Óscares transmitida na RTP no domingo de dia 27 de março, ainda fresca na mente das pessoas, ocorreu no passado domingo, em Las Vegas, EUA, a gala da 64.ª edição dos Grammys, com três meses de atraso devido à pandemia de covid 19.
O evento de três horas e meia, foi apresentada por Trevor Noah do The Daily Show, e foi bastante “livre” de surpresas – exceto o momento da participação especial do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky que apelou aos artistas “para encherem de música o silêncio deixado pelas bombas russas”.
A primeira parte foi apresentada pelo ator Levar Burton e revelou os vencedores de prémios como: a Melhor Música de R&B, Leave The Door Open de Silk Sonic, a Melhor Atuação Pop, Drivers license de Olivia Rodrigo, ou Melhor Álbum de Rap, Call Me If You Get Lost de Tyler the Creator. Apesar de não estarem presentes, a banda Foo Fighters ganhou três Grammy: Melhor Álbum de Rock, com Medicine At Midnight, Melhor Canção de Rock, com Waiting On War e ainda Melhor Atuação de Rock, em Making A Fire, tornando-os uma das bandas mais premiadas da história – até agora, ninguém havia ganho o Melhor Álbum de Rock mais do que duas vezes – premiados pela quinta vez. Além disso, durante os prémios fez-se uma homenagem ao baterista Taylor Hawkins, que morreu a 25 de março aos 50 anos. Fez-se ainda um tributo a todos os que fazem parte da indústria musical e morreram este ano.
O duo Silk Sonic, composto por Anderson Paak e Bruno Mars, foi um dos grandes premiados da noite. A música Leave the Door Open, ganhou as quatro categorias para as quais estavam nomeados: Gravação do Ano, Música do Ano, Melhor Música de R&B e Melhor Atuação de R&B.
Já a cantora de 19 anos, Olivia Rodrigo que se havia tornado a terceira artista mais nova a receber o Melhor Artista Revelação e este ano levou mais dois Grammy para casa: o de Melhor Atuação Pop e Melhor Álbum Pop. Por sua vez, Tony Bennett e Lady Gaga ganharam o Melhor Álbum tradicional de Pop com a música Love for Sale.
O prémio do Melhor Álbum do Ano foi atribuído a We are de Jon Batiste, que esteve nomeado para onze categorias diferentes das quais acabou por ganhar cinco. “Não existe melhor músico, melhor artista, melhor dançarino, ou melhor ator. As artes criativas são subjetivas e chegam às pessoas num ponto em que elas mais precisam”, afirmou o músico no seu discurso.
Na cerimónia, que teve actuações de Lil Nas X, Billie Eilish e BTS, contando ainda com Joni Mitchell, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky surgiu numa mensagem gravada. Nele, Zelensky, pediu para todos continuarem a apoiar o país em guerra e mencionou também que os cantores ucranianos passaram agora a cantar em hospitais: “A guerra. O que pode ser mais diferente da música”, afirmou o líder.
“O silêncio de cidades destruídas e de pessoas mortas. Em vez de estrelas cadentes, as nossas crianças desenham rockets. Mais de 400 crianças ficaram feridas e 153 morreram. E nunca vamos vê-las a desenhar”, continuou. “A guerra não nos deixa escolher quem sobrevive e quem permanece em eterno silêncio. Em vez de smokings, os nossos músicos usam coletes antibalas. Cantam para os feridos, nos hospitais”, lembrou Volodymyr Zelenski, pedindo a quem o escutou que “diga a verdade sobre a guerra”.
“Nas redes sociais. Na televisão. Apoiem-nos de qualquer forma que puderem. Mas não fiquem em silêncio”, alertou, explicando que a Ucrânia está a defender a sua liberdade “de viver, de amar, de produzir som”. “E depois a paz há de chegar, a todas as cidades que a guerra está a destruir. Tenho o sonho de ver estas cidades vivas. E livres. Como vocês, no palco dos Grammys”, rematou.
O discurso do Presidente da Ucrânia foi seguido pela canção Free, cantada por John Legend com as cantoras ucranianas Mika Newton, Lyuba Yakimchuk e Siuzanna Igidan.