O primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán venceu, pela quarta vez consecutiva, as eleições na Hungria e prepara-se para garantir a maioria do parlamento, com cerca de dois terços dos assentos.
“Foi uma vitória tão grande que podem vê-la da Lua e certamente podem vê-la de Bruxelas”, disse o líder do Fidesz, durante um discurso de 10 minutos para funcionários e apoiantes do partido, em Budapeste, para celebrar a vitória esmagadora, ainda maior do que aquela que era sugerida pelas sondagens, numa campanha marcada pela posição na Guerra da Ucrânia – Órban condenou a invasão da Rússia e apoiou as sanções da União Europeia, mas opôs-se ao fim das importações de gás russo e recusou fornecer armas às forças ucranianas.
“Todo o mundo pode observar como o nosso tipo de política cristã, conservadora e patriótica venceu”, disse, sorridente, depois de derrotar a coligação de seis partidos que se uniram para tentar afastá-lo do poder, Unidos pela Hungria. “Estamos a enviar à Europa uma mensagem de que isto não é o passado – é o futuro”.
“Não quero esconder minha a deceção e tristeza. Nunca esperávamos que este fosse o resultado final”, disse, citado pelo Guardian, o líder da oposição, Peter Marki-Zay, que acusou Orbán de manipulação.
“Sabíamos de antemão que seria uma luta desequilibrada. Sim, eles fizeram batota. Mas também já tínhamos alertado que não existe democracia na Hungria e eles mudaram todo o sistema de votação”, lamentou o candidato que tinha prometido acabar com o que alega ser a corrupção desenfreada do governo e elevar os padrões de vida aumentando o financiamento para os cuidados de saúde e escolas da Hungria.
Entretanto, a ONG húngara Clean Vote Coalition afirmou ter recebido diversas denúncias de irregularidades, nomeadamente eleitores que confessaram ter-lhes sido oferecido 10 mil florins húngaros (cerca de 27€) para alterar o seu voto. Noutro local, foi oferecida carne como incentivo.
Apesar das acusações da oposição, o primeiro-ministro pareceu muito pouco preocupado e no seu discurso aproveitou para sublinhar que superou todos os rivais, inclusive a Ucrânia.
“Esta é uma vitória para recordar, talvez até para o resto das nossas vidas, porque tivemos o maior número de opositores para superar. A esquerda dentro do nosso país, a esquerda internacional, os burocratas em Bruxelas, o dinheiro do império de Soros, os meios de comunicação internacional e, no fim, até o próprio Presidente ucraniano”, disse Orbán entre risos para a multidão.
Quem já felicitou o primeiro-ministro húngaro foi Vladimir Putin, manifestando esperança de laços mais fortes entre Moscovo e Budapeste.
“O chefe de Estado russo disse estar certo de que, apesar de uma situação internacional difícil, o desenvolvimento futuro dos laços e parcerias bilaterais [entre Moscovo e Budapeste] corresponderá aos interesses dos povos da Rússia e da Hungria”, referiu a Presidência russa num comunicado.