Já foram vistos hologramas de cantores, como o rapper Tupac no festival Coachella, em 2012, a fazerem concertos, mas, agora, em França, o candidato da esquerda radical francesa Jean-Luc Mélenchon, surgiu em 12 cidades ao mesmo tempo para dizer aos seus apoiantes que a vitória nas eleições presidenciais, cuja primeira volta irá decorrer no dia 10 de abril, este domingo, é uma hipótese.
“Temos ainda alguns dias e podemos sentir o nosso destino na ponta dos dedos. Sabemos que podemos pressionar pela mais incrível mudança de direção política imaginável”, disse o candidato no seu discurso de 90 minutos que, segundo o Guardian, abordou filosofia, literatura e um tratado feminista do século XV.
“Temos de romper com a monarquia presidencialista e instalar a soberania do povo. Todo o mundo tem uma responsabilidade individual e pessoal pelo resultado de domingo”, disse Mélenchon, que se descreveu como uma “tartaruga presidencial”: “lenta, mas com o potencial para derrotar as lebres na meta”, escreve o jornal inglês.
O líder do partido França Insubmissa, de 70 anos, que discursava em carne e osso em Lille, apelou ainda a que os eleitores que estão com a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, a votarem antes nele, “não por serem fascistas, mas por estarem fartos” do atual sistema.
“No fim de contas, onde é que vos vai levar tentar levar esta mulher ao poder?”, questionou esta noite Jean-Luc Mélenchon, no seu último grande comício de campanha em Lille.
Nas sondagens, Jean-Luc Mélenchon continua a subir, oscilando entre os 15,5% e os 17% de acordo com os diferentes estudos, instalando-se no terceiro lugar, mas ainda longe de Marine Le Pen, a candidata da extrema-direita que reforça cada vez mais o segundo lugar face a Emmanuel Macron.
Apesar dos apelos de Mélenchon, as sondagens aproximam Le Pen de Macron numa possível segunda volta, mostrando que os dois candidatos nunca estiveram tão próximos nas projeções de voto de uma segunda volta.
Apesar das sondagens mostrarem que Macron deverá ganhar de forma confortável a primeira volta do exercício democrático, segundo dados divulgados esta quarta-feira, nomeadamente a sondagem diária do jornal Les Echos, elaborada pela OpinionWay – Kéa Partners, estes mostram que Emmanuel Macron reúne 55% das intenções de voto contra 45% de Marine Le Pen.
Já na sondagem Elabe para a televisão BFMTV e a revista L’Express, Marine Le Pen reúne 47,2% das intenções de voto e Emmanuel Macron 52,5% num possível frente-a-frente na segunda volta, prevista para 24 de abril.
Le Pen não teve uma campanha fácil, marcada pela “traição” da sobrinha que revelou, no início de abril, que não iria apoiar a sua tia nas eleições presidenciais, mas sim o seu rival, Eric Zemmour, do partido Reconquista. A líder do Reagrupamento Nacional descreveu esta decisão como “algo brutal, violento”.
Problemas de abstenção Especialistas em política francesa tem alertado que as presentes eleições serão marcadas pela elevada abstenção, motivada pela ausência de Emmanuel Macron dos debates e a atenção mediática consagrada à guerra na Ucrânia. Segundo sondagens divulgadas no final de março, cerca de 30% dos franceses revelou que que não pensava ir votar.
“Distraído” com os seus compromissos com a guerra da Ucrânia, Macron não tem marcado presença na sua campanha presidencial, no entanto, no último sábado, o Presidente de França esteve na sala La Défense Arena, junto a Paris, recebido por mais de 30 mil pessoas, para fazer um apelo de mobilização para combater o racismo e a extrema-direita.
“Em muitas eleições, o que parecia impossível aconteceu. Não quero nem arrogância, nem derrotismo, quero uma mobilização geral, vontade e ação. […] Nós habituámo-nos, o perigo extremista existe há muitos anos e o ódio e a verdade alternativa banalizaram-se no debate político. Nós habituamo-nos a ver desfilar nalgumas televisões autores antissemitas, racistas. Não os assobiemos, vamos combatê-los com as nossas ideias”, disse Emmanuel Macron à multidão.
As eleições presidenciais francesas contam com 12 candidatos e a primeira volta vai decorrer já em 10 de abril, com a segunda volta a acontecer a 24 de abril.