Fernando Henrique Cardoso nas telas

No filme, conta que votou em Lula em 89, na segunda volta, que o recebeu no Palácio Alvorado e lhe disse: «Vou lhe mostrar o Palácio onde você um dia virá morar».

por Aristóteles Drummond

O Presidente Improvável é o filme sobre a vida pública do Presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), em exibição no Brasil. O documentário é da melhor qualidade, como o personagem central. FHC pode ser contestado pelos seus governos, pela imposição da reeleição, que não havia no Brasil, também pela frieza com que tratou Itamar Franco, que o fez seu sucessor, mas é homem público respeitado, com cultura e compostura. Embora tentasse e tente ainda se mostrar de uma esquerda próxima ao centro democrático, sempre teve posições bem à esquerda, que suspendeu apenas para se eleger e se reeleger. No filme, conta que votou em Lula em 89, na segunda volta, que o recebeu no Palácio Alvorado e lhe disse: «Vou lhe mostrar o Palácio onde você um dia virá morar». Aos 90 anos, muito lúcido, contraiu novo casamento, em 2014 – estava viúvo desde 2008. No seu partido, embora hoje inexpressivo, é voz respeitada e mantém a melhor presença nas mídias tradicionais.

 

VARIEDADES

• O real não para de se valorizar e a Bolsa de São Paulo demonstra otimismo. Mas a crise é grande na política, as ameaças de quebra de contratos feitos com o setor privado claras, mas o mercado mundial flutuante quer juros altos para compensar a saída da Rússia, e o Brasil está com juros acima de 10% e mais a valorização cambial. No último trimestre, deu bons lucros ao dinheiro especulativo. Juros em doze por cento aso ano. E o saldo da balança comercial de março ficou em 7,4 mil milhões de dólares. O setor privado se recuperando, apesar de tudo.

• Ao que tudo indica, e os preços das passagens aéreas confirmam, os brasileiros estão aproveitando o fortalecimento da moeda para viajar à Europa e aos EUA. O turismo interno se recupera, mas os preços ainda são baixos nos hotéis para classes médias e altos nos bilhetes de avião..

• O Grupo Fasano inaugurou seu restaurante em Nova York, esta semana, e já conta com um hotel cinco estrelas. No centro do Rio, alguns hotéis estão sendo transformados em residências. Fala-se em cerca de mil habitações sendo convertidas de antigos hotéis.

• O motorista do irmão do senador Davi Alcolumbre foi preso com cerca de cem mil euros em espécie no automóvel. E o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes mandou um deputado colocar tornozeleira. O deputado se negou a sair do edifício do Congresso Nacional até ter a medida revogada. Mas acabou cumprindo a ordem sob ameaça de pesadas coimas.

• O preço do café, nos três primeiros meses do ano, subiu mais de 50% no mercado interno. Mais um fator a pressionar a inflação.

• Apesar de o presidente Bolsonaro ter afirmado que «colocava a cara no fogo pelo ministro Milton Ribeiro, da Educação», este pediu demissão. Foi o quarto nos três anos e três meses do mandato. Já na Petrobras, o presidente também promoveu a terceira troca no comando da maior empresa do Brasil. Já para o Conselho, convidou o presidente do Flamengo Rodolfo Landim, que acabou desistindo ao ouvir insinuação de que deveria defender a empresa vender combustíveis sem lucrou um distribuir menos dividendos para cobrir perda de lucratividade. A empresa tem ações nas bolsas internacionais. A aposta nos mercados financeiros é saber até quando o libera ministro Paulo Guedes vai aceitar políticas de gastos inflacionários.

• E, para completar, São Pedro resolveu colaborar para um ano melhor e os reservatórios das usinas de energia estão com os melhores níveis dos últimos cinco anos. Mas no litoral as chuvas continuam a gerar tragédias. Angra dos Reis com vinte mortos nos deslizamentos de habitações ilegais.

• Pandemia continua cedendo nos óbitos e nas internações. Mas presente em novos casos. A quarta dose sendo aplicada a maiores de oitenta anos.

• Cresce a possibilidade de um candidato alternativo a Lula e Bolsonaro.

 

Rio de Janeiro, março de 2022