Aos 60 anos, o ator Jim Carrey admitiu estar a ponderar colocar um fim à sua carreira, que há 42 anos brinda o mundo do cinema com atuações icónicas, como a do filme The Truman Show, em que Carrey percebe que toda a sua vida é, na realidade, um reality show. Pois parece que essa série está a chegar à sua última temporada.
Sobre a ‘seriedade’ destes pensamentos, Carrey mantém um pé fora e um dentro: «Depende, se os anjos trouxerem algum tipo de roteiro escrito em tinta dourada que me diga que será muito importante para as pessoas verem, posso continuar no caminho, mas estou a fazer uma pausa. Gosto realmente da minha vida tranquila, adoro pintar telas e realmente adoro a minha vida espiritual. Sinto que tenho o suficiente. Fiz o suficiente. Sou suficiente», disse o ator em entrevista ao Access Hollywood.
A revelação foi feita durante a promoção do novo filme Sonic the Hedgehog 2, não havendo informação sobre a participação de Carrey em qualquer outro filme após o referido. O ator vai, no entanto, regressar num novo especial da Netflix que homenageia Bob Saget, onde estará lado a lado com Chris Rock, John Mayer, John Stamos e Jeff Ross. Um especial que deverá estar disponível na plataforma de streaming em junho, e que foi filmado na The Comedy Store, em Los Angeles, em janeiro.
Se é certo que Carrey avançou estar a ponderar a reforma, a realidade é que, ao Access Hollywood, o ator não fechou completamente a porta, garantindo que, caso receba uma proposta aliciante, não dirá que não. Baseado neste facto, o Comic Book questionou o ator sobre qual seria a personagem de um dos seus filmes que gostaria de voltar a representar, e Carrey não desiludiu. «Não tenho nenhum em mente que gostaria de repetir. Na maioria das vezes, quando fazes algo que realmente atinge as pessoas, as sequências não têm o mesmo efeito. Já esses filmes [do ‘Sonic‘] foram feitos juntos, e eles eram como uma evolução que foi sendo planeado na minha própria cabeça, pelo menos, desde o início», disse.
42 anos de aventuras
Jim Carrey é cinema e televisão, está-lhe no sangue, e o seu indissociável humor e personalidade fazem dele uma das caras mais conhecidas desta área. Desde a sua passagem pelo mítico programa Saturday Night Live, nos anos 80, até à participação na série In Living Color. A carreira de Carrey é ecléctica, e passa do humor aos temas sérios num instante. The Mask e Dumb and Dumber são dois dos filmes mais reconhecidos da sua carreira, lado a lado com The Eternal Sunshine of The Spotless Mind, The Truman Show e Liar Liar.
A própria vida de Jim Carrey daria, só por si, um filme cheio de drama e contos de sonhos cumpridos. Em Toronto, aos 15 anos, o pai levou-o ao clube de comédia Yuk Yuk, que funcionava num humilde centro comunitário. Na altura, rezam os relatos, o espetáculo ficou aquém do expectável. Aliás, décadas depois, o dono do clube descreveu-o, naquela altura, como um «mau Rich Little».
As dificuldades financeiras mantiveram o jovem aspirante a comediante fora dos palcos durante algum tempo, mas Carrey acabaria por regressar, ganhando crédito no setor da comédia de stand up. Seguiram-se rejeições – entre elas a sua candidatura à temporada de 1980/81 do famoso programa Saturday Night Live, da cadeia norte-americana NBC.
Um espetáculo atrás do outro, Carrey construiu a sua carreira como comediante e, em 1994, surgiu o grande momento: foi o protagonista do filme Ace Ventura: Pet Detective, que o lançou oficialmente como uma estrela de cinema.
Recentemente, Carrey foi crítico da atitude de Will Smith nos Óscares, e chegou mesmo a admitir que o ator norte-americano «devia ter sido preso». «Fiquei doente. Fiquei doente pela ovação em pé. Senti que Hollywood simplesmente não tinha caráter, na sua maior parte. Realmente senti, ‘esta é uma clara indicação que já não somos o grupo fixe’», defendeu Carrey, relativamente ao facto de a plateia ter aplaudido o discurso de Will Smith na cerimónia, aquando de ter vencido um Óscar, e momentos depois da bofetada que deu ao humorista Chris Rock por este ter feito uma piada sobre a sua mulher, Jada Pinkett Smith, envolvendo a alopécia, doença que levou a atriz a perder o cabelo.