Esta segunda-feira, os dois candidatos que vão disputar a segunda volta das presidenciais francesas, Emmanuel Macron e Marine Le Pen, acordaram com a sua mente fixada em preparar esta nova campanha.
Macron venceu a primeira ronda das eleições, mas não foi um resultado digno de festejos, uma vez que os cerca de 28% de votos representaram uma grande queda face às primeiras sondagens e uma vitória curta contra a candidata de extrema-direita, que obteve 23% dos votos.
Agora, mesmo não convencendo todos os setores do eleitorado francês, cabe ao ainda Presidente impedir a entrada da extrema-direita Palácio do Eliseu, tarefa para a qual poderá contar com a preciosa ajuda do candidato de esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar, com 22% dos votos.
Numa primeira reação, Mélenchon pediu aos seus eleitores para não votarem em Le Pen: “Sabemos em quem vamos votar. Não podemos dar o nosso voto a Le Pen”, afirmou imediatamente após ser anunciado o resultado das eleições, apesar de também não ter sido frontal no seu apoio a Macron, como foi o caso de Valérie Pécresse, candidata do partido de direita conservadora, Os Republicanos, com 5% dos votos.
Abstenção, um inimigo de Macron
Um dos principais desafios de Macron nesta segunda volta pode ser a abstenção, com os franceses a manifestarem uma “sensação de fadiga”, tal como descreve o Al Jazeera, enquanto se repete a segunda ronda das eleições de 2017.
“Macron falhou. Na realidade, ele nem tentou mobilizar a sua base de apoio, que é de centro-direita”, disse o professor de política Pierre Bocquillon, ao meio de comunicação do médio oriente. “Ele ainda lidera as sondagens por uma margem relativamente confortável enquanto candidato da continuidade e estabilidade em tempos incertos, mas a diferença para Marine Le Pen está a diminuir, uma vez que ela parece estar a assimilar um pouco do apoio da outra extrema-direita do candidato Eric Zemmour”, notou o professor, mencionando um adversário político que chegou a estar em terceiro nas sondagens, mas que acabou em quarto lugar com 7% dos votos.
Apesar de não ter atingido níveis históricos, tal como apontavam algumas sondagens, a abstenção aumentou em 4%. “A agenda da maioria dos candidatos para 2022 é demagógica, não muito séria e, se eleita, seria uma catástrofe para a França e a Europa”, alertou Bocquillon. “Eles focaram os seus ataques no Macron sob o lema de ‘qualquer coisa menos Macron’, em vez de uma visão séria para o futuro da França.”
Manifestações contra candidatos
O descontentamento com os resultados eleitorais gerou protestos, tendo alguns assumido contornos mais violentos, como em Lyon e Rennes.
Um protesto de 600 pessoas tomou as ruas de Rennes após a divulgação dos resultados, com os manifestantes a destruírem vidros de bancos pelo caminho, reportou a agência de notícias AFP, que relatou ainda que a entrada de um restaurante foi vandalizada, uma esquadra atacada e um incêndio ateado no centro de uma praça. Nesta manifestação, era possível ler fachadas onde se diziam “que se f*** o fascismo nacionalista” ou “dinastia fascista Le Pen”.
Em Lyon foram registados confrontos entre manifestantes e polícias. Uma pessoa entrevistada pelo jornal France Bleu afirmava que na segunda volta das eleições “existiam dois candidatos da extrema-direita”.