por Francisco Mota
Historiador e Gestor de Projetos
A instalação da Assembleia da República deu posse à nova realidade político-partidária do hemiciclo. Mas de novo, só mesmo a legislatura, porque o conteúdo e ação política cheira a mofo. Para bem do país e do Portugueses é urgente que oposição e Governo sejam energéticos, reformadores e corajosos. Não basta assinalar efemérides da liberdade e da democracia, cumprir calendários natalícios do regime e festejar dias em liberdade, se essa mesma liberdade não se traduzir em mais liberdade para cada um dos portugueses. Será um erro mortífero, para o regime, se cair na arrogância de que essa liberdade inicia e termina no momento do voto. Transformar uma maioria absoluta, numa maioria absolutíssima de poder, partilhada pelo partido no poder e pelo poder do partido que quer o poder, é uma tentação que apenas alimentará mediocridade e a falsa moralidade política.
Quase 50 anos depois, o regime vive amordaçado aos interesses, à liberdade dos poderes e com os mesmos problemas estruturais do país dos tempos fundacionais do regime. Sem que haja esperança ou perspetiva de mudança, Portugal arrisca-se afundar cada vez mais do ponto de vista do desenvolvimento e crescimento económico. Potenciar o melhor do nosso território, explorar o posicionamento geocomercial face à Europa e ao mundo seja por via terrestre, marítima ou aérea só será possível com atração de investimento produtivo, que levará à criação de riqueza e crescimento económico. Mas para isso as empresas e famílias tem que sentir a liberdade fiscal e burocrática de um Estado que lhes atormenta a vida e isso só se conquista com coragem e espírito reformista.
A composição do novo, velho, Governo diz muito do que será esta maioria absoluta do Partido Socialista. Um serviçal de poderes. Um ciclo político de continuidade, com pobreza, miséria e desespero das famílias e empresas. Um Governo que se confunde com um partido, um partido que se confunde com o estado. É sintomático de um estado doentio e ligado às maquinas. Todo um país é secundário, porque Portugal apenas é o meio e não a razão para atingir o fim: poder!
Continuemos a celebrar dias de democracia, numa falsa sensação de que somos livres. Seremos tão livres quanto os gestores do poder nos deixarem ser. Das autarquias locais ao estado central, há uma ditadura de estado instalada, alterne dos interesses económicos, da corrupção e da incompetência. Tudo isto acontece sob os holofotes da impunidade e o olhar de conformismo dos portugueses. O sistema não assume responsabilidades e os seus responsáveis são intocáveis.
Desenganemo-nos perante as circunstâncias, as dificuldades que coletivamente hoje sentimos, são resultado das ilusões que nos venderam. A economia é um castelo de cartas e o modelo social socialista aliado à falta de coragem política leva-nos a um caminho sem retorno. Não baixar impostos, não se trata de uma imposição europeia, é uma desculpa para a opção política. A Polónia, membro da UE, como Portugal, aprovou uma medida temporária, sem qualquer tipo de autorização, e reduziu o IVA dos combustíveis de 23% para 8%, e dos alimentos essenciais como carne, peixe, vegetais, fruta e leite, passou de 5% para 0%. Isto é governar para o povo e responder às necessidades reais de forma a contrariar a inflação.
Não precisamos de subsídios, necessitamos sim é de um estado e de um Governo que não nos assalte a cada momento que vamos ás compras, pagamos a energia ou abastecemos o carro.
Fica evidente, que o Governo não terá repostas políticas, ou seja uma estratégia, para as empresas e famílias ultrapassarem mais um momento coletivo difícil e de crise que estamos viver. O discurso político e a descrição de um país que está muito longe da realidade de mãos dadas com uma maioria socialista não augura nada de bom para Portugal e os portugueses!