Quando a líder parlamentar do PCP enumerou as razões porque o seu partido não assistiria à declaração do Presidente Zelenskii na Assembleia da República, pensei para mim que era o que se esperava, e só eles perderiam.
Depois, um jornal publicou uma sondagem a dar conta que há bem mais portugueses a concordar com a posição dos comunistas sobre a intervenção do presidente ucraniano no parlamento do que aqueles que votaram PCP nas legislativas – praticamente um quarto dos inquiridos. Cheguei a pensar, preocupado (nestes momentos em que as democracias estão assaltadas pela extrema direita) que o PCP poderia vir a beneficiar desses votos, apostando no tal nicho.
Finalmente, não acredito. Imagino haver uma quantidade de gente muito egoísta, que quer beneficiar da guerra (e manter as democracias), mas sem arriscar nada. Que talvez pense ‘que se lixem os ucranianos, e tudo o que eles sofrem; mas que resolvam, o problema sozinhos’.
Felizmente ainda são uma minoria do eleitorado. E não devem pensar como o PCP disse, que só há uns tantos fascistas do lado ucraniano. Parecem haver muito mais do lado de Putin, e não falo apenas dos Chechenos e sírios. Mas o PCP, como se vê, está cada vez mais com a extrema-direita. Deve sentir-se bem ao lado de gente como Putin e Orbán. E talvez preferisse convidar um Mário Machado, como sugeriu a um jornal um conhecido deputado seu.
Chegando ao ponto, o tal quarto de inquiridos, de para isso acreditar que o melhor será deixar Putin fazer o que quer, crer nas suas palavras mais duvidosas, e achar que são os ucranianos que estão a pôr as bombas no próprio país, e que os russos só vão lá ajudara população, que têm mesmo de matar para a ajudar melhor a não sei quê… E depois é esperá-los por aí, quando eles acharem que é a melhor altura para derrotar de vez a cobardia ocidental.