Um dos livros da conhecida série infantil ‘Biff, Chip and Kipper’ foi retirado das prateleiras, com todas as cópias restantes desfeitas pela Oxford University Press (OUP), após várias reclamações de que era islamofóbico.
A série é escrita por Roderick Hunt e ilustrada por Alex Brychta, e consiste em mais de 220 histórias. Segundo o The Guardian, os livros foram criados em 1986 e são usados nas escolas há anos para ajudar as crianças a aprender a ler.
No livro em questão, ‘The Blue Eye’ – que foi publicado em 2001 – Biff e o seu amigo Wilf são magicamente transportados para um país diferente, com uma ilustração daquilo que parece ser um mercado do Oriente Médio, já que nos desenhos as personagens usam turbantes e uma mulher se encontra vestida com um niqab (um véu de rosto inteiro).
Na versão original, Biff diz que a dupla deve ficar unida porque “as pessoas não parecem muito amigáveis”, enquanto Wilf chama o lugar de “assustador”.
Recentemente, usuários da rede social Twitter, incluindo professores, admitiram “estar preocupados com a descrição do livro de pessoas que pareciam muçulmanas”. Um internauta acredita que o livro é “inapropriado”; outro, que se apresenta como uma bibliotecária de escola primária, afirma que “não gostaria que este continuasse a ser usado nas escolas”. Já a autora de livros infantis Moniza Hussain, foi mais longe: “Ninguém parou para pensar que talvez não seja uma boa ideia ensinar islamofobia às crianças”, escreveu.
Em 2012, já a Oxford University Press havia alterado o livro para que, na frase sobre “pessoas hostis”, Biff dissesse que os amigos deveriam ficar juntos porque “seria fácil perder-se num lugar tão lotado”. Contudo, ao longo dos anos, as críticas continuaram e por isso, no mês passado, as restantes cópias do livro foram mesmo retiradas do espaço.
A OUP, que estima que a série foi lida por 30 milhões de crianças em todo o mundo, disse em um comunicado: “O livro foi retirado completamente em março deste ano, após uma revisão independente e já não se encontra disponível para compra. A OUP destruiu o seu próprio stock do livro, embora um pequeno número de cópias ainda possa ter escapado. Alguns títulos mais antigos ainda podem estar disponíveis em bibliotecas”.
Além disso, a editora revelou ainda que faz uma revisão regular aos seus livros e fez alterações na sua lista de títulos para garantir que estes são “atualizados, diversos, inclusivos e reflitam o mundo em que vivemos” e que agiu para remover um produto que “não era apropriado”.
A OUP acrescentou ainda que ouvia “continuamente o feedback dos clientes e levava a sério a sua responsabilidade de aprender e melhorar”: “Estamos a investir no desenvolvimento da nossa equipa para criar conteúdo mais inclusivo e estamos também a trabalhar com especialistas em todas as características de diversidade e inclusão”.