Governo apresenta queixa depois de telemóveis de Pedro Sánchez e ministra da Defesa terem sido alvo de escutas

Esta intervenção foi confirmada na sequência de uma investigação, que ainda está em curso, sobre as comunicações de todos os membros do governo espanhol.

O telemóvel do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e da ministra da Defesa, Margarita Robles, foram alvo de escutas "ilícitas e externas" através do programa Pegasus, lê-se num relatório do Centro de Criptologia Nacional (CNC). Como consequência, o governo daquele país apresentou esta segunda-feira uma queixa à Audiência Nacional por alegada espionagem contra os dois políticos. 

As escutas foram anunciadas por Isabel Rodriguez, porta-voz do governo espanhol, e por Félix Bolaños, ministro da Presidência do Governo, numa conferência de imprensa que decorreuhoje em Madrid.

Bolaños adiantou que, de acordo com o relatório do CNC, se verificaram duas intrusões ao telefone de Pedro Sánchez, em maio de 2021, e uma ao de Robles, em maio do ano passado.

Esta intervenção foi confirmada na sequência de uma investigação, que ainda está em curso, sobre as comunicações de todos os membros do governo espanhol.

"Tratam-se de factos confirmados e de uma enorme gravidade que confirmam que se verificaram intrusões às instituições estatais e que são ilegais", disse o governante, acrescentando: "Estamos perante intervenções ilícitas e externas". 

O uso do programa Pegasus foi inicialmente denunciado por membros da oposição e separatistas da Catalunha, sendo que, hoje, os deputados catalães da Candidatura de Unidade Popular (CUP) Carlos Riera, Albert Botran e David Fernàndez apresentaram uma queixa a um tribunal de Barcelona contra alegados atos de espionagem através do programa informático Pegasus.  

Em comunicado, a CUP explica que queixa se trata de um delito contra a intimidade com intuito de "revelação de segredos".

Também a organização separatista catalã Ómnium Cultural disse esta segunda-feira que já apresentou uma queixa sobre eventuais atos de espionagem a membros do grupo. 

O Governo da Região Autónoma espanhola da Catalunha (Generalitat) já garantiu que vai inspecionar periodicamente os telemóveis de 500 responsáveis de cargos oficiais devido às ameaças levadas a cabo através de programas de espionagem como o Pegasus.

O programa Pegasus foi fabricado por uma empresa privada israelita e só pode ser vendido e usado por governos. Este tem estado no centro de vários escândalos de espionagem contra políticos, jornalistas e defensores dos direitos humandos por todo o mundo. Nos Estados Unidos, o programa, que só pode ser vendido após autorização do governo de Israel, já foi proibido.

Notícia atualizada às 15h19.