Considerado o maior narcotraficante da Colômbia, Dairo Antonio Úsuga, mais conhecido como “Otoniel”, líder do Clã do Golfo, foi extraditado esta quarta-feira, a pedido de um tribunal de Nova Iorque, para os Estados Unidos, onde enfrenta acusações em três tribunais federais, anunciou o Presidente colombiano, Ivan Duque.
Um dos mais procurados narcotraficantes no país, com um historial apenas “comparável ao de Pablo Escobar”, tal como descreveu o Presidente colombiano, Otoniel, de 50 anos, foi detido a 23 de outubro do ano passado, no noroeste da Colômbia, numa vasta operação policial.
“Trata-se do traficante de droga mais perigoso do mundo, um assassino de líderes sociais e de polícias, um violador de crianças e adolescentes. Hoje, a Lei, o Estado de direito, a força pública e a justiça estão a triunfar”, disse o chefe de Estado colombiano.
Otoniel foi indiciado pela primeira vez em 2009, no tribunal federal de Manhattan, por alegadamente fornecer assistência a um grupo paramilitar de extrema-direita designado como organização terrorista pelo governo dos EUA. Mais tarde, foi ainda acusado por tribunais federais de Brooklyn e de Miami de importar para os Estados Unidos pelo menos 73 toneladas de cocaína entre 2003 e 2014 através de países como Venezuela, Guatemala, México, Panamá e Honduras.
O narcotraficante tinha a cabeça a prémio nos Estados Unidos por cinco milhões de dólares (cerca de 4,7 milhões de euros).
O governo colombiano começou a extradição de Otoniel depois do Conselho de Estado ter levantado a suspensão provisória, uma medida apoiada por Duque.
Esta medida sofreu a oposição de um grupo de vítimas do narcotraficante, que argumentavam que a sua extradição violaria os seus direitos à justiça e reparação, apelando a que este enfrentasse primeiro os mais de 128 processos contra ele na Colômbia.
Contudo, o Presidente defendeu que, apesar de estar extraditado nos Estados Unidos, Otoniel continuará a colaborar com as autoridades colombianas nas investigações contra ele e, assim que cumprir as suas penas por tráfico de drogas, à “Colômbia para pagar pelos crimes que cometeu”.
Oriundo de uma família camponesa do noroeste da Colômbia, Dairo Antonio Usuga foi guerrilheiro de grupos de extrema-esquerda, depois paramilitar de extrema-direita, antes de se tornar lider de uma organização de tráfico de droga, composta por aproximadamente 1.600 homens, responsável por exportar, em média por ano, perto de 300 toneladas de cocaína para três dezenas de países, de acordo com as autoridades.
“Otoniel” substituiu o seu irmão Juan de Dios, conhecido como “Giovanni”, na chefia do Clã do Golfo. O antigo líder morreu depois de ser abatido pela polícia em 2012.