Depois da histórica vitória do Sinn Féin nas eleições irlandesas, a União Europeia enviou um aviso ao Reino Unido para “acalmar a retórica” e passarem a ser “honestos” em relação aos seus eleitores sobre os protocolos do Brexit na Irlanda do Norte.
Para formar o governo de poder partilhado, o Partido Unionista Democrático, maioritário nos últimos 20 anos, reiterou que não fará parte de um governo de coligação caso as conversas mantidas entre Londres e Bruxelas não levem à eliminação do protocolo do Brexit para a região.
“Precisamos que o Governo do Reino Unido diminua a retórica, seja honesto sobre o acordo que assinou e concorde em encontrar soluções”, disse o vice-presidente da União Europeia, Maroš Šefcovi, em comunicado.
“A União Europeia já mostrou muita flexibilidade ao propor soluções impactantes e duráveis e estamos prontos para continuar as discussões”, acrescentou o vice-presidente.
O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, citado pelo Guardian, afirmou que a flexibilidade demonstrada pela União Europeia “não foi correspondida”, sugerindo que as recentes ameaças sobre ações unilaterais para retirar alguns dos controles de mercadorias que atravessam o Mar da Irlanda “tornaram a União Europeia mais cautelosa”.
Martin afirmou que gostaria de pensar que o Governo britânico continuará a abordar a questão com a determinação para resolver o problema “de forma sensata”, acrescentando que o Governo irlandês tudo fará para facilitar os entendimentos. “A política em torno desta questão é mais problemática do que resolver os problemas reais de negociação do protocolo”, afirmou o primeiro-ministro da Irlanda do Norte.
Os unionistas, que ganharam todas as eleições na Irlanda do Norte no último século, sofreram uma grande derrota que ajudou à vitória do Sinn Féin, uma vez que este partido apoiou o Brexit, na esperança que isso diminuísse a ligação à República da Irlanda.
Contudo, acabaram a sentir-se traídos por Londres, quando Boris Johnson aceitou a “fronteira no mar da Irlanda”, que impôs à Irlanda do Norte regras comerciais diferentes do resto do Reino Unido, como parte das suas negociações com Bruxelas.